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Influencer paraense compartilha história “visagenta” em hotel de Santarém

O paraense Tanto Tupiassu fez um fio em sua conta do Twitter para falar de uma experiência sobrenatural que teve no Barruada Tropical, hotel localizado na cidade de Santarém, no Oeste do Pará.

O hotel foi inaugurado na década de 70 e se chamava Tropical Hotel, pertencia ao grupo Varig. Foi projetado pelo arquiteto Arnaldo Furquim Paoliello, chama atenção pelas suas linhas em arcos em estilo modernista. Na sua frente localiza a piscina quase que abraçada pelo prédio do hotel e onde, há 3 anos, um homem foi encontrado morto com sinais de afogamento.

Fora dos seus momentos de glória, hoje o hotel funciona com poucos funcionários e só o primeiro andar tem quartos em funcionamentos, com seus corredores longos e escuros, sombrios e com pouco fluxo de hóspedes, dando um tom assustador e ambiente ideal para experiências sobrenaturais. Confira:

Andando pelo interior do estado do Pará, já me hospedei em todo o tipo de hotel. Já teve hotel chique, já teve hotel que mais parecia cativeiro. Mas, dentre todos, nenhum me propiciou o que vivi em um hotel velho de Santarém.

Santarém teve uma época de muita riqueza, em que foram construídos hotéis gigantes e luxuosos, só que a maré mudou… Da mesma forma que veio, o dinheiro foi embora e deixou plantado na cidade uns elefantes brancos bizarros. Esse hotel, por exemplo, me lembrava muito O Iluminado.

Corredores enormes e vazios, silenciosos e escuros. Alguns andares inteiros da construção estavam sem uso, e só uns dois eram usados na hospedagem. De resto, pairava um silêncio agressivo por lá. Logo que cheguei e me deparei com aquilo, decidi que tinha que desbravar o local.

Outra coisa muito estranha era a falta de pessoas. Parecia não haver nenhum hóspedes além de mim. Os funcionários, acho que só tinham três, que se revezavam em quase tudo… E eu, andando naquela solidão, naquele escuro empoeirado e deserto.

Naquele dia jantei cedo, na beira da piscina redonda, imensa, que deve ter sido luxuosa um dia, único cliente do restaurante, servido sempre pelos mesmos poucos funcionários. Deitei umas 21 hs, já que trabalharia raiando o dia seguinte e só esperava uma noite tranquila…

Acontece que, perto de uma da manhã, acordei com uma gritaria muito forte que parecia vir de dentro meu quarto. Acordei assustado, meio que em pânico, sem entender nada, e só consegui correr pra ligar a luz, como se isso pudesse me dar segurança.

Quando a luz acendeu, mais calmo, notei que os gritos vinham do quarto ao lado, e só isso explicava serem tão altos. Era um casal, numa aparente briga por ciúmes, onde o cara acusava a ela de traição. Sentado na cama, fiquei na minha, até que a coisa tomou outro rumo…

Acontece que a briga, que mais tinha um tom de lamento, de sofrência, foi ganhando um ar mais e mais violento, e percebi que o cara socava os móveis e as paredes, e logo temi pelo pior. Liguei imediatamente na recepção para informar o problema, pedir que interviessem, mas nada..

Estranhamente a ligação só chamava, como se eu estivesse sozinho naquele hotel gigante e vazio, justamente com o casal que brigava. Comecei a tentar todos os ramais, recepção, garagem, piscina, restaurante, mas ninguém atendia. Fui ficando cada vez mais nervoso, porque pensei:

“Nesse hotel gigante, provável que ninguém escute a briga, talvez só outros hóspedes, mas, e se esse cara começar a agredir a moça!? Vou ter que fazer algo” E, pra azar, a briga só ganhava contornos cada vez maior de tragédia. Até que aconteceu.

Os gritos se interromperam e deram lugar ao arfar típico de briga. Logo depois, passei a escutar uns grunhidos horrendos, como se alguém estivesse sendo sufocado. Quando a ficha caiu, dei um pulo e abri a porta, e logo estava no corredor, pronto pra qualquer coisa, mas…

…parado no corredor enorme e empoeirado, cheirando a carpete sujo, iluminado somente pela luz que saia do meu quarto, me vi repentinamente cercado por um silêncio típico de cemitério…

Na hora me desesperei, pois aquele silêncio só podia significar uma coisa, o que fez meu coração disparar em adrenalina. Diante do quarto ao lado, comecei a bater na porta, meio que sem saber o que esperar, mas ninguém respondeu.

Toc toc toc – Oi, gente… tem alguém aí!? Toc Toc Toc – Amigo, abre a porta, por favor. TOC TOC TOC – Mano, eu ouvi a briga! Só quero saber se está tudo bem. Mas nada…

Desesperado, encostei a orelha na madeira, tentar ouvir algo. Ao longe, ainda ouvia uma respiração pesada, baixinha, assim como uma espécie de choro abafado, talvez por uma mão! Eu estava tenso, ainda com a orelha colada, já pensando em arrombar a porta, quando aconteceu…

Foi uma porrada dada pelo lado de dentro, mas tão forte que fez sair poeira da soleira. E foi justamente onde minha orelha estava, então foi como se tivesse levado o soco, o que me fez cair no chão zonzo, surdo e meio desacordado… E foi quando eu vi.

No chão, caído no carpete velho, no escuro, vi a porta se abrir e um homem magro e careca, vestindo roupa social sair. Com ele estava a mulher que antes gritava, ainda viva, mas com um braço torcido para trás e a boca tapada pela outra mão do cara. E ele gritava, irado:

TU VAIS VER, VADIA, O QUE DÁ ME TRAIR Enquanto a mulher se debatia tentando fugir. Eu sentei no chão, uma dor horrenda na cabeça, e nem tive tempo de ver eles sumindo na escuridão, em direção aos elevadores e à enorme escadaria.

Eu levantei, de forma que deu, mas, antes que pudesse fazer algo só ouvi um grito curto e um barulho horrendo de algo pesado e maciço bater, talvez, no primeiro andar. Vocês já ouviram o barulho de um corpo caindo? Eu já, e não consigo esquecer. Era o mesmo barulho.

Em prantos, porque naquela hora eu percebi exatamente o que tinha acontecido, não tive qualquer reação quando o homem passou ao meu lado, correndo, e se trancou novamente no quarto. Eu só consegui caminhar, cambalear, em direção às escadas para ver, e eu vi.

No chão do primeiro andar, eu estava no quarto, bem no vão das escadarias, onde devia estar o corpo daquela mulher, não havia nada… Vocês podem imaginar como eu fiquei! Mudei de ângulo, tentei ver de todas as formas, mas era impossível não ver, se estivesse ali. Nada.

Voltei correndo ao meu quarto, completamente perdido, pensando em ligar pra polícia, chamar alguém, e foi quando percebi que a porta do quarto ao lado, que devia obrigar o assassino, estava aberta. Alguma coisa me obrigou a ir lá e eu fui, mas o quarto estava vazio.

Havia uma cama, sem estrado, com o colchão em pé, escorado numa das paredes. Não havia lençol, não havia frigobar e aquele quarto não era ocupado fazia tempo. Nessa hora me bateu o medo. Olhando a nesga de luz que saia do meu quarto, pensei no que fazer se ficasse no escuro.

Mas também não pensei duas vezes. Corri de volta ao quarto, tranquei a porta e ainda fui inocente de colocar a mesa de cabeceira lá, uma barricada que talvez não servisse a nada. Nessa noite eu não dormi, breves desmaiadas que dei, somente, quando não aguentava mais.

Decidi sair daquele local o quanto antes, pois, cada vez mais, sentia uma carga enormemente negativa me oprimindo. Naquele dia fui o primeiro a chegar na sala de cafe, já com mala e tudo. Lá encontrei uma funcionária muito fofa, parecia uma avozinha do mato, com quem conversei.

como quem não queria nada, ainda escondendo meu pavor: – Me diga, tem muita história de visagem nesse hotel? – Oxe, dr, é o que mais tem. Essas paredes já viram muita coisa. E como devia estar visivelmente assustado, ela perguntou: – Aconteceu algo com o senhor?

De forma breve, sem querer parecer louco, contei a ela tudo que aconteceu comigo e, pra minha surpresa, ela só riu. Riu forte, enquanto arrumava pratos e xícaras. – Moço, o senhor viu Genésio. Era garimpeiro brabo, matava gente e matou uma mulher aqui mesmo, dessa forma aí.

Ela então me narrou da vez que Genésio chegou de uma festa com uma moça com quem namorava, era lá por 1976, e que ele cismou que ela o estava traindo e, por isso, jogou ela escada abaixo, e nunca foi preso, porque era ditadura e o garimpeiro era amigo de muita gente importante.

Ao ver meu interesse, ela continuou: – A justiça não pegou a ele, mas Deus não deixou ele entrar, nem no céu, nem no inferno. Fez pra ele um purgatório horreeendo, e ele revive esse dia faz muito tempo. Eu mesma já vi a alma de Genésio sofrendo por aqui. – Credo, vozinha…

Depois disso, acabei rápido meu café, me despedi da boa velhinha, agradeci pela conversa e corri na recepção pra fechar a conta. O carro da firma passaria logo mais para me apanhar. E, enquanto pagava, puxei assunto com o rapaz da recepção, que já tinha visto antes.

– Mano, ontem de noite eu vi Genésio. Esperei que ele fosse rir, mas nada mudou no seu rosto. – Tu conheces essa história, desse crime? – Qual crime? – Do Genésio, um garimpeiro que matou a namorada aqui no hotel. O homem ficou branco.

– Senhor, nunca teve crime aqui. – Mas rapaz… a senhora do café da manhã me contou tudinho. Eu entendo que isso pode dar má fama ao hotel, ma… – Que senhora? – A senhora que estava servindo o café da manhã. – Não tem nenhuma senhora servindo o café da manhã…

E, bem… aquelas paredes já deviam ter visto muita coisa mesmo. O rapaz que servia o café da manhã colocou tudo na mesa, para os poucos hóspedes, e saiu pra comprar manteiga, que tinha acabado. No hora em que estive lá não havia ninguém além de mim.

Eu estava tão abalado que ele acabou assumindo que sim, que tinha acontecido o crime, mas que os donos pediam para abafar, pois as coisas já não estavam boas. E não, não havia nenhum hóspedes com as características da velha, nem ninguém entraria ali sem passar pela recepção.

Era só mais um dos tantos espíritos que passavam sua eternidade naquele local esquecido pelo tempo, rememorando suas vidas, seus dramas e suas dores. Dos muitos que, me confidenciou o homem, andavam por lá.

Nem preciso dizer que NUNCA mais me hospedei lá. Sei que mudou de nome, passou por reformas, mudou de nome e tudo, mas ainda guarda na alma as características do seu tempo de grandeza. Recomendo, inclusive, um café de final da tarde na piscina redonda com trampolim. Fim

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