Enfrentando um verdadeiro inferno astral no segundo trimestre de 2020, por conta dos efeitos suspensivos e drásticos da pandemia do novo coronavírus, a atividade industrial paraense reagiu em junho. No comparativo com o mês anterior, maio, a produção física paraense cresceu 2,8%. É uma notícia positiva em meio ao manancial de dados negativos, em outras frentes de confronto. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que se debruçou sobre a Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física (PIM-PF) Regional divulgada nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IBGE, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, a indústria paraense caiu 8% em junho deste ano. E no período consolidado entre janeiro e junho (ou seja, a primeira metade de 2020) fechou no vermelho, com baixa de 0,8%. No acumulado de 12 meses, contudo, a produção apresenta leve crescimento da ordem de 0,4%.
O Blog cruzou dados do IBGE com números do Ministério da Economia para tentar explicar a baixa semestral e identificou que um dos fundamentos está na produção do minério de ferro. Esse é o produto de maior volume físico na cesta industrial do Pará, que tem ainda alumínio, cobre, manganês e bauxita, produtos de madeira, alimentos e bebidas. Mas o ferro é, no mais das vezes, decisivo por responder por 90% da tonelagem computada.
Este ano, nos seis primeiros meses, Parauapebas e Canaã dos Carajás produziram juntos 76,6 milhões de toneladas de minério de ferro, bem mais que as 74,6 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado. No entanto, em 2019, Parauapebas e Canaã contavam com o reforço de Curionópolis, que seguia produzindo até paralisar seu projeto no último trimestre. Juntos, os três computaram no ano passado 76,3 milhões de toneladas de minério de ferro, o que ainda assim é levemente menor que o volume deste ano.
Porém, houve produção maior em outros produtos no ano passado, o que contribuiu para 2019 ficar 0,8% acima de 2020, já que, a depender exclusivamente do minério de ferro, a produção teria ficado tecnicamente empatada.
Prognósticos
A perspectiva para julho também não é positiva. Isso porque Parauapebas produziu 13 milhões de toneladas de minério no mês em 2019, mas despencou para 9,9 milhões de toneladas este ano. Já Canaã até cresceu, passando de 6,8 milhões de toneladas para 9 milhões de toneladas no período, mas um volume insuficiente para cobrir a perda de Parauapebas. Além disso, há a presença de Curionópolis no mapa da atividade industrial de 2019: o município participou com mais de 300 mil toneladas de ferro no ano passado. O Blog prevê, todavia, que o Pará reverterá os números negativos até o final do ano.
Fonte Zé Dudu