O garimpo ilegal de ouro na Terra Munduruku, no Pará, tornou-se um dos maiores desafios para as autoridades brasileiras no combate à mineração irregular na Amazônia. Apesar de ser proibida por lei em territórios indígenas, a atividade tem atraído membros da etnia Munduruku, impulsionada pelos altos preços do ouro no mercado mundial e pela falta de assistência governamental.
Composta por cerca de 140 aldeias e 9 mil indígenas, a Terra Munduruku é um território equivalente a metade do estado do Rio de Janeiro, localizado às margens do rio Tapajós. Muitos indígenas, enfrentando pobreza e a ausência de políticas públicas eficazes, veem no garimpo uma alternativa de sobrevivência. “Vou voltar para o garimpo porque a situação está muito ruim agora. Não temos café, açúcar, nada, só farinha de mandioca”, declarou Samuel Manga Bal, cacique e garimpeiro, à agência Reuters.
A mineração ilegal não apenas causa danos ambientais, como também provoca divisões internas entre os Munduruku. Enquanto alguns líderes defendem a exploração como forma de garantir renda, outros buscam alternativas como os créditos de carbono. “O crédito de carbono é a única solução para nós”, afirmou Jonathan Kaba Biorebu, líder da associação Pusuru, que já desenvolveu projetos para garantir água potável e eletricidade nas aldeias.
A complexidade da situação é agravada pela relação entre o garimpo e o crime organizado. Durante uma operação recente do Ibama, garimpeiros fugiram antes da chegada dos agentes, deixando evidências de que muitos deles eram indígenas. Ainda assim, a repressão às atividades ilegais enfrenta resistência local, especialmente em Jacareacanga, município que serve como centro logístico para o garimpo e onde parte da população e líderes políticos defendem a legalização da atividade.
Com promessas de desintrusão nas terras indígenas e políticas sustentáveis, o governo Lula enfrenta o desafio de equilibrar preservação ambiental, respeito aos povos indígenas e combate ao garimpo ilegal, enquanto busca implementar alternativas econômicas para a região.



