Os incêndios na Amazônia emitiram cerca de 31,5 milhões de toneladas de CO2 entre junho e agosto de 2024, um aumento de 60% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Esse volume de emissões se aproxima das de países inteiros, como a Noruega, e intensifica a preocupação sobre o papel do Brasil na luta contra a crise climática global.
Apesar da queda no desmatamento da Amazônia, o cenário climático brasileiro, agravado pelos incêndios, põe em dúvida a capacidade do país de atingir as metas climáticas, chamadas de NDCs. A resposta lenta e desordenada do governo brasileiro ao aumento das queimadas é um reflexo preocupante, especialmente às vésperas da COP30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025.
Impacto nos biomas
O Brasil, que ocupa a presidência da COP no próximo ciclo, tem o desafio de não apenas organizar o evento, mas também de liderar com ações concretas em prol do clima. A metade das emissões brasileiras de gases de efeito estufa provém do desmatamento e degradação florestal, o que torna crucial a proteção dos biomas como a Amazônia e o Cerrado para cumprir as metas estabelecidas até 2030. Porém, enquanto as queimadas destroem grandes áreas e elevam a emissão de carbono, a expectativa de uma NDC ambiciosa parece estar ameaçada.
A demora na apresentação de novas metas brasileiras para o período de 2030 a 2035, que deveriam ser discutidas até fevereiro de 2025, está gerando incerteza. Especialistas acreditam que o governo corre o risco de perder a oportunidade de influenciar outros países na COP29, que ocorrerá em Baku, no Azerbaijão, no final de 2024.
Desafios para a COP30 em Belém
O planejamento e a logística da COP30 são outras preocupações. Além de garantir que a conferência climática ocorra sem problemas em Belém, o Brasil precisa enfrentar as questões ambientais internas, como o controle das queimadas e a punição dos responsáveis por incêndios criminosos. A falta de articulação entre os órgãos de combate ao fogo e a coordenação para emergências climáticas também são pontos críticos que precisam ser resolvidos antes do evento.
O Brasil está sob os holofotes, e a condução das próximas ações ambientais determinará se o país poderá cumprir suas promessas climáticas e assumir uma posição de liderança global. A COP30, realizada em solo amazônico, pode ser um marco para as políticas de combate às mudanças climáticas ou uma oportunidade perdida caso o país não consiga controlar suas próprias crises ambientais.