Paulo Modesto, mestre de obras de 65 anos, teve parte do rosto e da mandíbula reconstruídos em uma cirurgia inédita realizada no Hospital Ophir Loyola, em Belém, utilizando tecnologia 3D. O procedimento foi necessário após a remoção de um tumor que comprometeu a estrutura óssea e muscular de sua face.
A operação, realizada pelas equipes de cirurgia bucomaxilofacial e plástica, utilizou imagens de tomografia computadorizada para planejar e executar o processo. A reconstrução foi feita com o retalho da fíbula — um osso localizado na panturrilha —, incluindo artéria, veia, músculo e pele, que foram transplantados para substituir a região afetada.
Planejamento e tecnologia de ponta
O uso da tecnologia 3D foi fundamental para o sucesso da cirurgia. De acordo com Marcelo Carneiro, coordenador da cirurgia bucomaxilofacial do hospital, um protótipo tridimensional da região foi criado para simular o procedimento e produzir guias cirúrgicos precisos.
“Essas guias permitem cortes exatos, tanto na mandíbula quanto na fíbula, garantindo um resultado mais rápido e preciso. A cirurgia envolveu o trabalho em conjunto com o cirurgião plástico, Dr. Rui Azevedo, para remoção e preparo do retalho transplantado”, explicou Marcelo.
A união das artérias e veias foi realizada com suturas microscópicas, essenciais para a vitalidade dos tecidos transplantados. O procedimento teve caráter funcional e estético, devolvendo ao paciente a capacidade de se alimentar por via oral, além de melhorar sua aparência facial.
Para Paulo, a cirurgia foi mais do que um procedimento médico: representou uma nova chance de viver plenamente. “Quero voltar ao trabalho, passear com minha família e, principalmente, comer um peixe assado com açaí. Essa cirurgia me deu dignidade e uma nova oportunidade de vida”, relatou emocionado.