Helder Barbalho quer expulsar da corporação militares que o criticam pela internet

Belém (PA) – O governador do Pará, Helder Barbalho, parece, mesmo, não estar para brincadeira, quando estão envolvidas críticas a ele enquanto gestor do Estado, ou até mesmo, sobre a vida pessoal.

Depois de aprovar, publicar e desfazer o ato a lei 9.051, que colocaria todos os cidadãos paraense sob uma pesada censura, com previsão até de multas, a incapacidade de Helder de lidar com críticas se mostra mais uma vez, desta feita, com foco na Polícia Militar do Estado do Pará (PMPA).

O cabo PM Mauro Celso Alves da Silva, conhecido com cabo Mauro, denuncia que está sob Processo Administrativo Disciplinar de Conselho de Disciplina, com data de 7 de maio de 2020, baseado em “indício de Transgressão da Disciplina Policial Militar, de natureza ‘grave’, por ter, em tese, envolvido a pessoa do governador do Estado, Helder Zaluth Barbalho, em retórica por si desenvolvida, destacando que os números apresentados [ pelo governador] não eram condizentes com a realidade”.  O caso todo se refere à pandemia do coronavírus.

O texto que dá início ao inquérito cita uma fala que seria do cabo Mauro: “Aí, você já viu, né? Se o interesse deste prefeito e deste governador é roubar o dinheiro público, este é o cenário perfeito”.

Na continuidade do texto há a informação de que o cabo Mauro “teria violado honra pessoal, o pundonor policial-militar e o decoro de classe”. E finaliza que, sendo uma transgressão grave, haverá a possibilidade de o militar ser punido com “exclusão a bem da disciplina”.

Outro lado – O cabo Mauro, ao saber sobre o Processo Disciplinar, usou o perfil dele no Facebook e publicou um vídeo, no qual explica o que o aconteceu e que, segundo ele, trata-se de um mal-entendido. Cabo Mauro conta que tem uma “rádio”, chamada Altaneira, que na verdade, são áudios que ele repassa aos colegas de corporação militar. Ele diz também que nesses áudios, busca repassar informações aos outros militares sobre notícias que são de interesse da classe.

Ele também diz que frase transcrita do texto do Processo Disciplinar: “Aí, você já viu, né? Se o interesse deste prefeito e deste governador é roubar o dinheiro público, este é o cenário perfeito” não se refere ao prefeito de Belém ou ao governador do Pará, mas que é uma fala mais geral sobre essas autoridades.

Fora de contexto – Na verdade, segundo o militar, a frase completa e contexto seriam: “Há denúncias, eu disse ‘há denúncias’ de que prefeitos e governadores, se utilizando das prerrogativas do decreto de calamidade pública na pandemia, estariam se apropriando de verbas públicas. Mas não é citado o nome de nenhum dos mais de 5 mil prefeitos do Brasil, muito menos, um dos 27 governadores de estados do Brasil”, explicou no vídeo.

O militar aguarda ser chamado à Promotoria Militar para que seja ouvido e mostrar a versão dele sobre essa questão. Cabo Celso diz que tem 15 anos como militar e que sempre buscou servir com empenho nos batalhões militares por onde passou. “Sempre busquei não denegrir a minha farda e sempre busquei melhorar a vida dos policiais com quem servi”, destaca.