O caça SAAB JAS-39 Gripen E, de matrícula FAB4100, concluiu recentemente uma série de testes climáticos no Pará, abrangendo as cidades de Belém e Salinópolis. A aeronave foi submetida a condições extremas de calor e umidade, típicas da região, com temperaturas atingindo aproximadamente 35ºC e umidade relativa de 85%.
Por cerca de 20 dias, a aeronave participou de 10 missões, totalizando aproximadamente 12 horas de voo. As operações ocorreram sob condições climáticas desafiadoras, visando avaliar o desempenho do Gripen em um ambiente de alta temperatura e umidade.
“O Gripen ficou sediado na Base Aérea de Belém, onde estava o apoio de solo e as equipes da Saab e da Embraer. Após a decolagem, a aeronave seguia para uma área de ensaios sobre o mar, perto de Salinópolis, a cerca de 160 km de Belém. Montamos uma estação de telemetria naquele local para coletar todos os dados dos voos”, explicou Dalton Leite, engenheiro da Embraer responsável pela campanha.
Os testes foram projetados para verificar a eficiência do sistema de resfriamento dos equipamentos, o conforto do piloto e o comportamento geral da aeronave em ambientes extremamente quentes e úmidos. As avaliações incluíram voos transônicos, que são realizados na faixa de transição entre velocidades subsônicas e supersônicas (Mach 0,8 a Mach 1,2).
“Apesar das condições climáticas desafiadoras e a mudança repentina da meteorologia ao longo do dia, os resultados obtidos demonstram que o Gripen pode operar sem restrições de clima em qualquer local da região norte”, afirmou Martin Leijonhufvud, chefe do Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC) da Saab.
A Embraer desempenhou um papel crucial durante a campanha, como parte do programa de transferência de tecnologia, que visa aprimorar a expertise da empresa brasileira. “Os testes envolveram aproximadamente 35 pessoas, divididas entre brasileiros e suecos, e foram fundamentais para fortalecer ainda mais a parceria entre a Saab e a Embraer. Também prepararam nossos técnicos e engenheiros para realizar esse tipo de trabalho sem a mentoria da Saab”, completou Leite.
Durante os testes, a funcionalidade do radar altímetro foi avaliada em altitudes que variaram entre 200 e 500 metros sobre a floresta densa e úmida. Esses ensaios são essenciais para validar a precisão das medições do radar, impactando diretamente sistemas como o GPWS (Sistema de Alerta de Proximidade do Solo), crucial para a segurança em voos a baixa altura.
Com a conclusão bem-sucedida desses ensaios, mais uma etapa na campanha global de desenvolvimento e certificação do Gripen E foi alcançada. A campanha incluiu também o transporte de várias configurações de cargas externas, como mísseis IRIS-T e Meteor, além de tanques de combustível, consolidando a robustez e versatilidade do caça sueco em condições adversas.
