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A administração do governador Helder Barbalho (MDB) enfrenta uma das maiores crises de sua trajetória, marcada por mobilizações de diversas categorias de servidores e protestos prolongados. O cenário de instabilidade ameaça paralisar setores essenciais do governo, uma amostra do claro desgaste na gestão estadual.
Entre os fatores que agravam a crise está a ocupação da Secretaria de Educação do Estado do Pará (Seduc) por cerca de 400 indígenas há 16 dias, além da greve de professores. Os manifestantes cobram a revogação da Lei 10.820/2024, que, segundo eles, compromete a educação indígena, rural e ribeirinha. Paralelamente, servidores de outras áreas também demonstram insatisfação com a falta de reajustes salariais e planos de carreira.
Crise afeta imagem do governo
Diferente de outros momentos de desgaste, a atual crise tem sido mais difícil de conter, mesmo com a forte estrutura midiática do governo. A Secretaria de Comunicação do Estado e o império midiático da família Barbalho não têm conseguido reverter a narrativa desfavorável, diante da crescente pressão de indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais.
O quadro pode se agravar com a divulgação do Orçamento 2025 e das Despesas dos Exercícios Anteriores (DEA), cujo saldo remanescente de 2024 pode atingir R$ 6 bilhões. A transparência desses números pode alimentar ainda mais as críticas e cobranças sobre a gestão de Helder Barbalho e sua vice, Hana Ghassan Tuma, que também comanda a Secretaria de Planejamento e Administração (Seplad).
Repercussão nacional e impactos na COP 30
A crise administrativa começa a ganhar repercussão nacional e pode afetar um dos principais trunfos políticos do governador: a realização da COP 30 em Belém. O evento internacional, que antes era visto como uma oportunidade de projeção para Helder Barbalho, agora se torna um desafio diante da insatisfação de comunidades indígenas e setores ligados à educação.
O cancelamento da 1ª Conferência Internacional Infantojuvenil sobre Educação e Mudanças Climáticas – “Reflorestando Mentes” –, prevista para ocorrer em março como evento preparatório para a COP 30, já reflete os impactos da crise.
Analistas políticos apontam que a instabilidade pode comprometer o legado político de Helder e prejudicar os planos de continuidade de sua gestão, colocando sua base aliada em alerta sobre os desdobramentos dos protestos e da crise fiscal.