ECONOMIANOTÍCIASPará

Gigante chinesa de veículos elétricos planeja instalar fábrica no Pará

Alexandre Baldy, recentemente nomeado como presidente da BYD no Brasil, principal montadora chinesa de veículos elétricos, anunciou a intenção de implantar uma das três fábricas que estão planejadas para construção no país no estado do Pará.

Sem detalhar os contornos exatos do projeto, Baldy mencionou a possibilidade de estabelecer uma unidade voltada para a produção de chassis de ônibus elétricos no Pará, um estado que está prestes a sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em 2025.

O plano estratégico da BYD inclui o início das construções das três fábricas no polo industrial de Camaçari, na Bahia, programado para outubro, coincidindo com a visita ao Brasil do fundador da montadora chinesa, Wang Chuanfu, frequentemente comparado ao “Elon Musk” chinês.

Com a resolução iminente das questões relacionadas à fábrica da Ford, após o governo da Bahia anunciar a aquisição da unidade, a BYD, montadora chinesa de destaque em veículos elétricos, intensifica seus esforços para concretizar seu plano de expansão no mercado brasileiro.

Embora os detalhes sobre a aquisição da antiga fábrica da Ford permaneçam em aberto, Baldy afirmou que a compra da área é a única opção considerada pela BYD, descartando concessões de longo prazo. A expectativa é que o processo seja impulsionado após a resolução desse impasse.

Alexandre Baldy, ex-deputado federal por Goiás e ex-ministro das Cidades no governo de Michel Temer (MDB), além de ex-secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo na administração de João Dória (PSDB), agora lidera a estratégia da BYD no Brasil.

Investimento Sustentável para um Futuro Verde

Com um investimento estimado em R$ 3 bilhões, a BYD pretende inaugurar operações para a fabricação de veículos elétricos e caminhões, bem como chassis para ônibus, na Bahia a partir do segundo trimestre de 2024, gerando aproximadamente 5 mil empregos quando estiver em pleno funcionamento.

Entre as três unidades industriais planejadas, uma será focada na produção de até 150 mil unidades anuais de veículos elétricos e híbridos, enquanto a segunda se concentrará na fabricação de chassis para ônibus e caminhões elétricos. A terceira unidade estará envolvida no processamento de minerais como lítio e ferro fosfato, matérias-primas cruciais na fabricação de baterias para veículos elétricos, que atenderão à demanda global.

Atualmente, a BYD já possui operações em Campinas (SP), onde realiza a montagem de ônibus elétricos, e em Manaus (AM), focada na montagem de baterias.

A estratégia da BYD para ampliar sua presença no Brasil inclui a expansão significativa de sua rede de concessionárias, com planos de passar de 26 para 100 até o final deste ano, abrangendo diversas regiões do país.

O Crescimento Acelerado do Mercado de Veículos Elétricos no Brasil

A indústria de veículos elétricos vem conquistando gradualmente espaço no mercado brasileiro. Nos primeiros sete meses de 2023, foram registradas 39.701 unidades de veículos leves eletrificados, representando um aumento de 68,5% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a Fenabrave, associação que representa as concessionárias.

Chama atenção a influência chinesa nesse segmento, com seis dos dez modelos de carros elétricos mais vendidos em julho pertencendo a montadoras chinesas como GWM, CAOA Chery e BYD.

Atualmente, a BYD importa quatro modelos de veículos totalmente elétricos (Na, Han, Yuan Plus e Dolphin), além de um híbrido plug-in (Song Plus DM-i). O Dolphin e o Song Plus serão produzidos na futura fábrica de Camaçari a partir de 2025.

O Dolphin, em particular, conquistou a liderança no mercado de veículos elétricos, com mais de 3 mil unidades importadas em apenas dois meses. As vendas continuam a crescer, com um aumento de 112% nos primeiros dez dias de agosto em comparação com o mesmo período de julho.

O impacto do lançamento do Dolphin a R$ 150 mil forçou outras montadoras a ajustar os preços de seus modelos, intensificando a competição. Com isso, a BYD pretende ampliar ainda mais sua fatia no mercado de veículos elétricos.

Além dos modelos acessíveis, a BYD também busca oferecer opções mais premium, como o próximo lançamento no Brasil, o sedã Seal, com impressionantes 531 cv de potência, com preço esperado de cerca de R$ 350 mil, metade do valor de um Porsche Taycan 4S com potência equivalente.

Essa estratégia assertiva contribuiu para a BYD se tornar a maior produtora global de veículos elétricos, superando a Tesla, com mais de 5 milhões de unidades fabricadas.

Negociações Estratégicas e Desafios a Superar

A implantação da BYD na Bahia não era um segredo, e desde o ano anterior a montadora vinha dialogando com a Ford para aquisição da fábrica desativada em Camaçari.

As tensões comerciais entre EUA e China representaram um desafio significativo para a BYD nesse processo. A Ford, empresa centenária dos Estados Unidos, estava relutante em vender sua planta em Camaçari, que havia produzido modelos como o Ecosport e o Ka.

Uma solução inovadora surgiu a partir de uma sugestão do ministro Fernando Haddad, resultando na venda da fábrica ao governo da Bahia, que pagará um montante correspondente aos valores de mercado à montadora americana, cujo total ainda não foi definido.

Com o caminho desimpedido, é provável que o governo baiano finalize um acordo para transferência do complexo à BYD, com termos financeiros comparáveis aos negociados com a Ford.

A BYD também enfrentará desafios, já que montadoras estabelecidas no Sudeste uniram forças para bloquear a prorrogação de incentivos fiscais federais concedidos a montadoras localizadas no Nordeste e Centro-Oeste, que desfrutam de isenções de Imposto de Renda e IPI, além de benefícios estaduais.

A montadora chinesa possui uma redução significativa de 95% no ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) no estado da Bahia. Em julho, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou isenções de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para veículos elétricos produzidos na Bahia e circulando no estado.

Alexandre Baldy reconhece que a reforma tributária pode impactar os incentivos federais, mas ressalta que, se isso acontecer, a BYD está disposta a continuar investindo.

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar