Galões de agrotóxicos que caíram no rio Tocantins após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, em dezembro de 2024, entre Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), foram encontrados a mais de 300 km do local do acidente, no Pará. Algumas substâncias transportadas são classificadas como cancerígenas e oferecem risco ao meio ambiente. A informação consta em documento do Ibama, obtido pela Repórter Brasil.
Três caminhões que transportavam agrotóxicos e ácido sulfúrico caíram da ponte durante o acidente, que resultou na morte de 14 pessoas. Um dos veículos carregava mais de 25 mil litros de pesticidas à base de 2,4-D, picloram e acetamiprido, em galões de 20 litros. Após o acidente, 29 dos cerca de 1.300 galões foram retirados do rio, mas o trabalho de resgate foi suspenso em janeiro devido à elevação do nível das águas.
Com a suspensão dos mergulhos, não foi possível verificar a integridade das bombonas restantes. Alguns galões foram localizados em municípios paraenses como Nova Ipixuna e Itupiranga, 19 dias após o acidente. Moradores e especialistas temem que mais galões estejam dispersos pelo rio sem possibilidade de recuperação, trazendo impactos duradouros para o meio ambiente.
Segundo o Dnit, não foi possível instalar barreiras de contenção devido à profundidade do rio, que em alguns pontos chega a 48 metros, e à forte correnteza. A ANA e o Ibama informam que, até o momento, as análises de água não identificaram contaminação fora dos parâmetros permitidos. No entanto, apenas dois testes de qualidade da água foram divulgados desde dezembro, e em um deles foi detectado o agrotóxico 2,4-D.

Especialistas alertam que o consumo prolongado de pequenas quantidades de agrotóxicos, mesmo dentro dos limites legais, pode trazer riscos à saúde humana e à biodiversidade aquática. Além disso, cobram maior transparência dos órgãos públicos e divulgação dos resultados das análises. Atualmente, o Dnit é o responsável pelo monitoramento da qualidade da água, previsto para durar até dezembro.
O rio Tocantins é considerado fundamental para a vida de milhares de pessoas, servindo como fonte de água, meio de sustento e lazer. Lideranças comunitárias e organizações de direitos humanos denunciam a falta de informações oficiais sobre o acidente e seus desdobramentos, e ações judiciais foram movidas para exigir medidas de contenção e reparação dos danos ambientais.



