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Fumaça de Manaus vem do próprio Amazonas, não do Pará, diz pesquisador

O pesquisador Lucas Ferrante, coordenador de um projeto de monitoramento de desmatamento no Amazonas, contestou as declarações do governador Wilson Lima e seu secretário de Meio Ambiente sobre a origem da recente onda de fumaça em Manaus. Enquanto autoridades locais atribuíram as queimadas no oeste do Pará como a causa, Ferrante afirma que a fumaça provém das proximidades da BR-319.

Analisando dados públicos do Instituto Nacional de Meteorologia, Ferrante destaca que o Amazonas enfrenta uma calmaria de ventos devido ao fenômeno El Niño, contribuindo para a seca histórica na região. Segundo o pesquisador da Universidade Federal do Amazonas, a fumaça tem origem nos municípios amazonenses de Careiro e Autazes, mais especificamente nas áreas adjacentes à Rodovia Manaus–Porto Velho.

Reportagens recentes, incluindo uma do Intercept, apontam a destruição da floresta por agropecuaristas na região metropolitana de Manaus como um fator significativo para a fumaça persistente desde outubro, conforme indicado pelo Ibama. Essa destruição foi corroborada por relatórios do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas.

Ferrante alega que há uma tentativa deliberada do governo do Amazonas de desviar a atenção das queimadas na região da BR-319, evitando fiscalizar atividades ilegais de grilagem e pecuária nas proximidades da rodovia. Ele ressalta que seus estudos, publicados em revistas científicas internacionais, evidenciam a falta de ação dos órgãos ambientais estaduais na região.

O pesquisador destaca que, apesar do apoio do governo Bolsonaro à pavimentação da BR-319, estudos independentes de viabilidade econômica indicam que a rodovia serviria principalmente aos setores vinculados a crimes ambientais. Em um estudo de 2021, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia revelou que as taxas de desmatamento ao redor da BR-319 superam em três vezes a média amazônica, destacando a rodovia como um “hotspot” de desmatamento na região.

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