O Pará, onde foi feita a recaptura de fugitivos ligados ao Comando Vermelho, vem enfrentando um avanço do crime organizado nos últimos anos. O estado, estrategicamente posicionada como um ponto de exportação de drogas, tem sido alvo da intensificação das atividades criminosas, principalmente lideradas pelo Comando Vermelho (CV) e pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
O episódio recente envolvendo a captura dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, que foram encontrados em Marabá após mais de 50 dias de buscas, destaca a presença e a influência do Comando Vermelho no estado. Essa organização criminosa, juntamente com outras facções menores, tem buscado expandir suas operações pelo sul do estado, enfrentando-se com outras facções em disputas territoriais.
Pesquisadores destacam que, enquanto o Amazonas é conhecido como o principal ponto de entrada de drogas provenientes de países como Peru e Colômbia, o Pará desempenha o papel de “corredor de exportação”. O estado possui portos estratégicos, como o de Vila do Conde, em Barcarena, que facilitam o envio de grandes cargas de drogas para África e Europa.
O recente destaque para a atuação do crime organizado na região se dá em meio à Operação Oceano Azul, conduzida pela Polícia Federal, que visa combater o tráfico internacional de drogas e a lavagem de dinheiro. O grupo alvo da operação movimentou mais de R$ 50 milhões entre 2022 e 2023.
Autoridades apontam que o tráfico de drogas para outros continentes é realizado principalmente por vias marítimas, com estratégias sofisticadas e diversificadas. O Pará, por sua localização geográfica estratégica, torna-se um alvo importante para essas operações criminosas.
A disputa pelo controle das rotas de tráfico na região amazônica intensificou-se nos últimos anos, com o aumento da presença do PCC após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat, em 2016. Organizações como o Comando Vermelho expandiram suas operações para a Europa, utilizando cidades amazônicas como pontos de trânsito.
Relatório divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) no ano passado apontou que o avanço do tráfico impulsiona a ocorrência de crimes ambientais na Amazônia, com a ocupação irregular de terras, extração de madeira e garimpo ilegal. A sobreposição de vários tipos de crime virou “regra básica” na região.Apuração do Ministério Público do Pará indica que, sozinho, o Comando Vermelho tem cerca de 11 mil faccionados só no estado, segundo balanço de junho do ano passado.
A cada 12 meses, cerca de 1.000 novos integrantes entram no braço paraense da organização. Entre 2022 e 2023, 137 suspeitos foram denunciados pelo órgão por associação criminosa.



