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Foragido há 17 anos, assassino do milionário paraense João Saboia é preso no Rio Grande do Sul

O caso chamou atenção nos telejornais do Brasil e fora do país. Em 1999, em um hotel de luxo, em Nova York (EUA), o Waldorf Astoria, o milionário paraense João Alberto de Azevedo Saboia, de 56 anos, foi assassinado.  

Na última quinta-feira, 25, mais de 17 anos após sua morte, o assassino foi recapturado em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. O artista plástico Márcio Fonseca Scherer, de 49 anos, foi condenado a 22 anos de prisão e estava foragido desde 2003, quando teve a pena confirmada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Márcio Fonseca Scherer como está atualmente

No ano passado, a polícia gaúcha iniciou uma verdadeira caçada pelo paradeiro de Scherer, depois que um denunciante o reconheceu andando de bicicleta na região central de São Leopoldo.

“Ele o conhecia da infância e sabia da história do crime nos EUA. Então nos forneceu o nome do preso. Com essas informações, montamos a operação. Várias diligências foram feitas até que descobrimos a casa onde vivia. Fizemos campana o dia inteiro até que no final da tarde o vimos na área desta casa”, explica o delegado Ivair Matos Santos, titular da 2ª DP de Novo Hamburgo.

Tentativa de fuga – O acusado ainda tentou fugir pelos fundos do imóvel em que estaria residindo, mas logo foi capturado. Nos últimos cinco meses, a polícia esbarrou em inúmeras dificuldade até localizá-lo. O gaúcho não possuía imóveis e nem veículo em seu nome e sequer emitia segunda via de documentos. A foto de Scherer no sistema integrado da polícia gaúcha ainda é a mesma de quando ele era adolescente.

Com os policiais, constava apenas a informação de que ele estava na faixa etária dos 50 anos, era um homem alto, loiro e de olho claro. Ele não possuía perfis nas redes sociais e sequer aparecia em fotos de familiares. Mas, a polícia decidiu procurar endereços de parentes até que os agentes encontraram a localização exata do foragido.

Expirar a pena – Faltando dois anos para o mandado de prisão expirar e a pena ser prescrita, Scherer foi localizado e permanece detido na DPPA de Novo Hamburgo aguardando vaga no sistema prisional. O acusado será levado para penitenciárias de Sapucaia do Sul ou Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Após cumprir um sexto da pena, ele poderá solicitar progressão para o regime semiaberto.

Vida no Rio de Janeiro e o crime no exterior – Scherer morou oito anos no Rio de Janeiro, por volta da década de 1990. Era artista plástico, modelo e tentava engrenar na carreira de ator. No ano de 1996, fez uma participação na figuração para a novela “Salsa e Merengue”, da Rede Globo.

Circulando entre a elite carioca e conhecido no meio dos artistas, em março de 1999, Scherer, com 27 anos, viajou para os Estados Unidos, junto com o milionário paraense de Belém, João Sabóia. O paraense era proprietário de um antiquário na cidade. 

Os dois estavam hospedados no luxuoso hotel Waldorf Astoria e iriam assistir a luta de boxe entre Evander Holyfield e Lennox Lewis, em Nova York. Na véspera da data da luta, segundo o relato de testemunhas, eles tiveram uma discussão. Foi então que Scherer matou Saboia.

A discussão que culminou com o assassinato do empresário se iniciou por Scherer ter feito um programa com outra pessoa em Nova York. Na versão sustentada pela defesa, a briga começou por ciúmes. Saboia teria pego um furador de gelo e atacado Scherer, que teria sofrido um corte na mão direta. No segundo golpe, o réu teria revidado e atingido uma das artérias carótidas da vítima. Saboia morreu no local e o corpo só foi encontrado quando amigos do empresário foram buscá-lo para assistir a luta de boxe.

Com medo de ser julgado pela justiça americana, Scherer adiantou sua volta ao Brasil e fugiu para o Rio Janeiro, onde assumiu a autoria do crime. O corpo do paraense só foi encontrado no dia seguinte do crime. O caso foi julgado pela justiça brasileira por tratar-se de um caso de extraterritorialidade condicionada – quando um brasileiro mata outro brasileiro no exterior.

Na denúncia feita pelo Ministério Público, consta nos autos que, após matar o empresário, Scherer retirou aproximadamente U$$ 30 mil, relógios, joias, bolsa de viagem e passagem aérea de retorno ao Brasil. Para a Justiça do Rio de Janeiro, o caso se tratava de um latrocínio – roubo que tem como consequência a morte – e no ano de 2002 condenou o réu a cumprir 22 anos em regime fechado.

Quando teve prisão preventiva decretada, o artista plástico chegou ficar nove meses preso no Rio Janeiro, mas a defesa conseguiu habeas corpus para o gaúcho aguardar em liberdade o julgamento em segunda instância. A pena foi confirmada em 2003 e, até a tarde de quinta-feira, 25, Scherer era foragido. Advogado do gaúcho, Paulo Gall, sustenta que a condenação do cliente por latrocínio foi injusta.

Artista plástico – Nos últimos anos, Scherer estava dedicado a produção de esculturas de ferro e aço inoxidável e chegou a fazer exposições em Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

Uma delas ocorreu em junho de 2018 na Câmara de Vereadores da Capital Gaúcha em uma mostra de 12 peças. Usava o nome artístico de Mark Fonser.

Natural de São Leopoldo, Scherer é de uma família tradicional da cidade. Foi criado pelos avós, é bisneto de Theodomiro Porto da Fonseca, prefeito do município por 16 anos (1928-1944) e neto do general do Exército Mário Fonseca.

Segundo o advogado dele, residia em São Leopoldo há 18 anos. Casou, teve dois filhos, vivia com a família e mantinha uma rotina discreta no Cristo Rei, bairro de classe média alta, a duas quadras da 1ª Delegacia de São Leopoldo.

Com informações do GZH

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