Pará

Fluxo migratório no Pará: crescimento impulsionado pela mineração e êxodo pela indústria catarinense

Quem chegou e quem partiu nos últimos 12 anos

Belém, 30 junho de 2023: O Censo Demográfico 2022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística), revelou um cenário que nos faz concluir que o crescimento populacional no estado do Pará, foi impulsionado principalmente pela mineração e, por outro lado, marcado por um notável êxodo em direção a estados como Santa Catarina. O Pará registrou um aumento de 7,1% na população, o que representa um acréscimo de 535.081 pessoas, colocando-o em 14º lugar no ranking de crescimento demográfico. Não é muito, mas as Regiões Norte e Nordeste, excluindo o caso de Roraima, não tiveram um crescimento tão grande assim.

Mineração: Um dos principais fatores responsáveis por esse crescimento certamente foi a expansão dos postos de trabalho na mineração, que atraiu cerca de 50.360 pessoas para o município de Canaã dos Carajás (PA). Em um período de apenas 12 anos, a cidade experimentou um aumento populacional impressionante de 188,51%, posicionando-se no topo do ranking das localidades que mais cresceram no país.

O crescimento de Canaã dos Carajás está diretamente relacionado à indústria extrativista mineral. Dados de 2015, mostram que onze municípios paraenses concentraram 99,3% da produção mineral do estado em valor, sendo que seis deles estão localizados na Mesorregião do Sudeste Paraense: Parauapebas, Marabá, Canaã dos Carajás, Paragominas, Curionópolis e São Félix do Xingu. Nessas regiões, a atração de pessoas está ligada às oportunidades de trabalho proporcionadas pela atividade mineradora, principalmente oriundas do Maranhão, resultando em fluxos migratórios significativos, como o observado em Canaã dos Carajás.

Belém: Por outro lado, a capital paraense, Belém, registrou um movimento populacional oposto. Comparando-se com o Censo de 2010, quando a cidade contava com 1.393.399 habitantes, o número diminuiu para 1.303.389 em 2022, representando uma queda de -6,46%. Ainda assim, Belém mantém-se como a cidade mais populosa do estado, a segunda na região Norte e a décima segunda colocada no Brasil.

Santa Catarina: Grande parte dos paraenses que deixaram Belém encontrou em Santa Catarina um destino promissor. O estado catarinense foi o segundo que mais cresceu nos últimos 12 anos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), gerando 167 mil novas vagas apenas em 2021. Setores como serviços, indústria, construção e agropecuária têm oferecido oportunidades de emprego atrativas, impulsionando a migração de paraenses em busca de melhores condições de vida.

A página no Facebook intitulada “Paraenses em Santa Catarina” é um exemplo disto. O local tem se destacado como um espaço de interação e compartilhamento de informações entre os migrantes. Nele, são feitas publicações que relatam experiências, oferecem dicas e propagandas de empresas que realizam viagens de ida e volta para o estado sulista, com preços acessíveis variando entre 500 e 800 reais.

Reflexões: O aumento da população e a saída em massa de paraenses apresentam importantes considerações e desafios a serem enfrentados nas próximas décadas. Em primeiro lugar, devemos encontrar soluções e oportunidades de emprego para os residentes da capital, o que envolve atrair investimentos no setor de turismo e indústria. Em segundo lugar, é essencial abordar os problemas decorrentes da crescente migração de pessoas de outros estados, incluindo as condições precárias de vida e a violência na região.

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