Florada dos ipês deixa Belém colorida e mais bonita
Quem circula para avenida Almirante Barroso já deve ter visto que as árvores do canteiro central dessa via estão cheios de flores, em especial, na área de São Brás.
Na capital paraense, o canteiro central da avenida Almirante Barroso concentra um grande número de exemplares da espécie. Segundo levantamento florístico feito da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), só no bairro do Marco existem em torno de 300 exemplares da espécie. Também é possível encontrá-los em praças e parques, como o Parque do Utinga, Praça Dom Pedro e Praça do Pescador. No campus da UFRA-Belém, no bairro da Terra Firme, é possível encontrar ipês amarelos (Handroanthus serratifolius); brancos (Tabebuia roseoalba); roxos (Handroanthus impetiginosus) e rosas (Tabebuia aurea).
Com tons de rosa, roxo, amarelo e branco, eles já estão colorindo as ruas e avenidas do estado do Pará. Estamos no tempo da florada dos Ipês, árvores que possuem dezenas de espécies catalogadas e conseguem alcançar 10 metros de altura.
Florada – Os ipês estão presentes em todos os biomas brasileiros e a floração ocorre de forma anual. “Na Amazônia a florada ocorre geralmente no período de julho a setembro, quando há menos chuvas. O ipês não necessariamente florescem ao mesmo tempo. Se as chuvas se estenderem, atrasa a floração, se forem mais curtas, a florada começa mais cedo”, explica o professor Felipe Fajardo, doutor em botânica e docente na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Capitão Poço.
Além de colorirem a cidade, nesse período as árvores recebem visitantes que são muito bem vindos. “Elas atraem os visitantes florais, como o beija-flor e as abelhas, que são essenciais na manutenção dos ecossistemas”, diz.
Uma exuberância que dura poucos dias, o que faz parte do ciclo natural da planta. Segundo o pesquisador, normalmente, após o período de floração, a planta perde as folhas e frutifica, o que também pode ocorrer ao mesmo tempo em uma mesma árvore. “Essas sementes, conhecidas como sementes aladas, são carregadas pelo vento, o que só é possível no verão. O ipê floresce rápido para que ocorra a dispersão dessas sementes (ainda no período menos chuvoso) e consequentemente a propagação da espécie”, explica. Passada a florada e a frutificação, a planta encerra o ciclo e aguarda o período de chuvas, investindo em seu crescimento e manutenção.
Mas não é em todo lugar que um ipê deve ser plantado. Felipe Fajardo diz que a árvore tem um crescimento inicial rápido e pode alcançar os três metros em apenas dois anos. “Como é uma árvore de grande porte, é importante que ele seja plantado em espaços abertos, como praças e avenidas, longe de fiações elétricas”, diz. Ele afirma que o crescimento vai variar principalmente de acordo com o clima, solo e luminosidade. Mesmo assim, ainda há quem queira cultivar um ipê em casa, com pouco espaço.
“Não recomendamos, justamente por ser uma árvore que precisa de uma área maior. Mas, caso ocorra o cultivo, teria que ter cuidados adequados, que começam com a escolha do tamanho do vaso. Vale destacar que algumas pessoas cultivam ipês como bonsais”, diz Fajardo.
Embora o que esteja mais em evidência seja a floração, o ipê é uma árvore utilizada em vários outros segmentos, que vão da indústria madeireira, com o tronco sendo utilizado para fabricação de móveis, instrumentos musicais e na construção civil, até a utilização na medicina popular.
“Nós conhecemos relatos de pessoas que utilizam a casca do ipê na medicina popular, para fazer infusões, ou que maceram as folhas para auxiliar nas cicatrizações e inflamações”. Segundo o professor, também há quem use o ipê como Planta Alimentícia não Convencional (PANC). “A utilização da flor como PANC tem ganhado cada vez mais adeptos. É possível encontrar receitas específicas com a flor, utilizadas em saladas cruas e até mesmo em pratos mais sofisticados”, diz o professor.
Fonte: assessoria de comunicação da Ufra