Falta de manutenção contribuiu para acidente aéreo que matou Ricardo Boechat

A falta de manutenção do helicóptero foi um fator determinante para o acidente que provocou a morte do jornalista Ricardo Boechat, em 11 de fevereiro de 2019. A conclusão consta de relatório divulgado na quinta-feira, 29, pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB).

O Cenipa destaca que parte da documentação que atestaria a segurança do helicóptero estava faltando ou desatualizada. Um dos documentos localizados indicava que a última revisão feita no módulo do compressor, um dos componentes do motor da aeronave, havia sido feita em 1º de julho de 1988.
Manutenção – Além da falha no motor, outro aspecto que colaborou para a queda do helicóptero foi o descuido com a troca de óleo necessário para lubrificação adequada de engrenagens. A aeronave era um monomotor com capacidade máxima de quatro passageiros, mais a tripulação, da fabricante Bell Helicopter.
De acordo com o Cenipa, a atitude do piloto, Ronaldo Quatrucci, também contribuiu para o desfecho. Segundo o Cenipa, Quatrucci não tinha a devida qualificação para realizar o serviço de táxi aéreo.
Acidente – O acidente ocorreu quando Boechat partiu do resort Royal Palm Plaza, em Campinas (SP), onde havia participado de um evento, rumo a São Paulo. O percurso teve início por volta das 13h45 e, após 20 minutos de viagem, o motor do helicóptero apresentou falhas.
Então, o piloto tentou fazer um pouso forçado em um cruzamento entre a rodovia Anhanguera e o rodoanel Mário Covas. Durante a descida, o helicóptero atingiu um caminhão, cujo motorista sobreviveu. Boechat e Quatrucci morreram no local, carbonizados.
No relatório, o Cenipa também sublinha a responsabilidade da empresa dona do helicóptero, a RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda., que não tinha autorização para realizar o transporte de passageiros na modalidade de táxi aéreo. Diante do caráter irregular de suas operações, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) chegou a suspender as atividades da empresa, ainda em fevereiro do ano passado.
“No ano de 2011, a empresa já havia sido multada pela Anac, por oferecer serviços sem a devida certificação”, ressalta o Cenipa no relatório.
Ricardo Boechat tinha 66 anos e deixou companheira, cinco filhas e um filho. Era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM e mantinha uma coluna semanal na revista IstoÉ.
Boechat nasceu em Buenos Aires, quando o pai Dalton Boechat, diplomata, estava a serviço do Ministério das Relações Exteriores. O jornalista era reconhecido por seu humor ácido ao noticiar fatos e criticar situações.
Fonte: Agência Brasil



