[Estudo] Quase metade das contas postando sobre Covid-19 no Twitter são robôs
Um estudo da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, concluiu que 45% das contas no Twitter que estão postando sobre a Covid-19 provavelmente são robôs. E mais: os pesquisadores identificaram cerca de 100 narrativas falsas diferentes sobre o tema associadas a essas contas.
Para chegar a essa conclusão, foram analisados 200 milhões de tuítes postados, desde janeiro sobre o novo coronavírus. Para determinar as chances de um perfil ser um bot, os autores avaliaram informações como o número de seguidores, a frequência de postagem e as menções recebidas na plataforma.
Bots – As contas identificadas como bots geralmente postavam com frequência excessiva ou publicavam tuítes de localidades diferentes com um intervalo de tempo muito curto entre eles.
Embora os autores afirmem que ainda é cedo para dizer quem são os indivíduos ou grupos por trás desses perfis falsos, eles afirmam que a ação provavelmente é orquestrada. A enorme quantidade de bots e de postagens aparentemente cronometradas, bem como o uso de hashtags e mensagens praticamente idênticas estão entre os indícios.
“Estamos vendo até duas vezes mais atividade de bots do que havíamos previsto com base em desastres naturais, crises e eleições anteriores”, disse Kathleen Carley, professora de ciência da computação da Universidade Carnegie Mellon que conduziu o estudo.
Segundo a professora, muitos desses perfis foram criados em fevereiro e, desde então, estão divulgando informações falsas que incluem supostos conselhos médicos, possíveis curas, teorias da conspiração sobre a origem do vírus (como aquelas associando a tecnologia 5G ao coronavírus, que levaram grupos a incendiarem torres de transmissão no Reino Unido) e pressão para acabar a quarentena.
Remoção – Em março deste ano, o Twitter anunciou que iria combater a publicação de posts espalhando desinformação, como conteúdos com negação de fatos científicos já estabelecidos em relação ao coronavírus. A iniciativa resultou na remoção de posts do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, bem como do próprio presidente Jair Bolsonaro.
Pouca eficácia – Ainda assim, Carley afirma que não há conhecimento suficiente para que se possa desenvolver uma medida realmente eficaz contra os robôs, uma vez que perfis bloqueados podem ressurgir e atacar contas individuais não irá resolver o problema.
Por outro lado, cada usuário pode se proteger individualmente ao ficar atento a sinais de alerta, como o compartilhamento de links suspeitos, elevado volume de tuítes publicados muito rapidamente ou um nome de usuário e uma imagem de perfil que parecem não corresponder.
“Mesmo que a pessoa pareça pertencer à sua comunidade, se você não a conhece pessoalmente, dê uma olhada mais de perto e sempre vá a fontes autorizadas ou confiáveis para obter informações”, aconselha.
Fonte: UOL