Em pleno período de discussões globais sobre o clima, impulsionadas pela proximidade da COP 30, o candidato à Prefeitura de Belém pelo MDB, Igor Normando, trouxe uma proposta que gerou forte debate entre urbanistas e ambientalistas. Em entrevista ao Jornal Liberal 2ª edição desta segunda-feira, 14, Normando anunciou que, caso seja eleito, planeja desapropriar terrenos subutilizados no centro da cidade para transformá-los em estacionamentos gratuitos. A iniciativa, segundo ele, visa solucionar a falta de vagas no coração da capital paraense, especialmente em áreas com grande fluxo de veículos.
“Terrenos subutilizados bem localizados serão estacionamentos gratuitos para a população”, afirmou Normando em uma de suas recentes declarações. “A gente entende que existe um gargalo muito grande no que tange principalmente os estacionamentos no centro da cidade e que precisa ser resolvido sem que a população pague um preço absurdo por isso”, completou o candidato.
Entretanto, a proposta não foi recebida sem polêmicas. Ambientalistas e urbanistas criticaram a medida, apontando que a criação de mais estacionamentos pode incentivar o uso de carros, um movimento contrário às metas ambientais globais, que buscam reduzir a emissão de gases de efeito estufa. A COP 30, que deve ocorrer nos próximos anos, tem como uma de suas principais bandeiras o incentivo a soluções urbanas que promovam a sustentabilidade, e muitos veem a ideia de Normando como um retrocesso.
Especialistas também destacam que a proposta favorece a classe média alta, que possui maior acesso a veículos particulares, em detrimento de melhorias que beneficiariam toda a população, como o investimento em transporte público, calçadas acessíveis, ciclovias, arborização e o adensamento de regiões centrais, tornando a cidade mais caminhável e sustentável. Para eles, cidades que priorizam o uso de carros, como muitas metrópoles nos Estados Unidos, são exemplos de políticas urbanas que falharam em criar ambientes mais humanos e ambientalmente responsáveis.
“A criação de estacionamentos incentiva ainda mais o uso de veículos, um dos principais responsáveis pelas emissões de gases que agravam as mudanças climáticas”, ressalta um especialista em urbanismo. Ele defende que, em vez de adotar políticas que estimulem o uso de carros, Belém deveria focar em criar uma infraestrutura urbana mais densa, caminhável e bem conectada por transporte público, para que o uso de veículos seja reduzido ao mínimo necessário.
O debate sobre a proposta de Igor Normando surge em um momento importante, quando o mundo está de olho em políticas ambientais inovadoras, e o futuro das cidades está no centro das discussões.