Edmilson Rodrigues é alvo de críticas da comunidade judaica após gravar vídeo com posicionamento contrário a Israel.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, recebeu duras críticas da comunidade judaica após gravar um vídeo no qual expressou seu apoio ao movimento BDS (Boicotes, Desinvestimentos e Sanções) contra Israel. O movimento é considerado antissemita por essa comunidade.
No vídeo, o prefeito declarou solidariedade à cidade de Belém, na Palestina, e mostrou-se intolerante em relação a Israel. Edmilson Rodrigues afirmou que o município de Belém do Pará é um “Espaço Livre de Apartheid (ELA)” em apoio à causa palestina e à luta contra a ocupação israelense em seu território. Essa iniciativa foi coroada pelo Festival dos Povos contra o Racismo e o Apartheid, organizado pela Prefeitura de Belém entre os dias 19 e 21 de maio, no qual acusou Israel de praticar apartheid e assassinar crianças e mulheres, entre outras acusações.
O conteúdo do vídeo repercutiu de forma polêmica e desagradou os internautas, especialmente a comunidade judaica, que considerou a declaração antissemitista. Durante uma audiência nesta segunda-feira (22), a representante do Comitê Nacional do Movimento BDS, Rita Ahmed, entregou uma carta de apoio à Prefeitura de Belém, elogiando sua solidariedade.
No entanto, muitos internautas criticaram a postura do prefeito, alegando que ele deveria se concentrar nos problemas de Belém e não se envolver em assuntos internacionais. Além disso, destacaram o rico passado judaico da cidade, lembrando que há uma significativa comunidade judaica em Belém, composta por descendentes de judeus marroquinos que chegaram à região no século XIX.
As críticas direcionadas a Edmilson Rodrigues afirmam que ele destilou ódio e demonstrou desconhecimento sobre o complexo conflito palestino-israelense. Alguns internautas acusaram o prefeito de distorcer fatos históricos em suas redes sociais e destacaram a contradição entre o discurso de autodeterminação dos povos defendido pelo PSOL, partido ao qual Rodrigues pertence, e a negação da autodeterminação do único estado judeu do mundo.
Em nota, a StandWithUS Brasil, instituição que educa sobre Israel ao redor do mundo, repudiou as falas de Edmilson. Veja:
Nota de repúdio da StandWithUs Brasil à fala doprefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL)
A StandWithUs Brasil repudia publicamente a fala do prefeito de Belém, EdmilsonRodrigues (PSOL), que, em vídeo do dia 16 de maio, fez declarações distorcidas sobre o conflito israelo-palestino, vilanizando Israel, embora não tenha citado o nome do país.
Edmilson afirma que Belém do Pará e a Belém situada na Cisjordânia são cidades-irmãs e, por isso, institui que a capital do estado brasileiro seria um “território livre de apartheid”.
O prefeito incorre em distorções disseminadas pelo movimento racista BDS para demonizar Israel e acusar o país de ser um regime de segregação racial, o que comprovadamente não é verdade: basta ver o fato de judeus e árabes israelenses terem o mesmo direito ao voto, poderem concorrer a cargos políticos, frequentarem os mesmos restaurantes, universidades e demais espaços públicos.
Mesmo nos territórios palestinos, a situação não se equipara ao regime de apartheid da África do Sul.
Enquanto um conflito ainda sem solução entre Israel e grupos terroristas palestinos se arrasta há mais de 70 anos, ao mesmo tempo em que se esforça para proteger seus civis,o país respeita a autonomia da Autoridade Palestina, que governa a maior parte da população na Cisjordânia.
O prefeito também falta com a verdade, ao dizer que medicamentos são impedidos de entrar na Faixa de Gaza. Caminhões de remédio e alimentos entram no enclave palestino diariamente, sem empecilho.
A supervisão de cargas que entram por terra em Gaza buscar e ter materiais com os quais possam ser manufaturados foguetes e outros artefatos usados por grupos terroristas – como o Hamas, que controla o território, e a Jihad Islâmica Palestina – contra a população israelense.
Somente neste ano, mais de mil foguetes foram lançados da Faixa de Gaza contra comunidades do centro e do sul deIsrael.
Ao mesmo tempo, Israel permite a entrada de residentes de Gaza para tratamento médico em seus hospitais, como pode ser comprovado por diversas matérias da imprensa internacional.
Ao trazer para o contexto brasileiro um conflito extremamente complexo sem tomar o cuidado de contextualizá-lo, Edmilson recorre a um modelo de vítimas contra algozes, no qual israelenses são colocados como vilões.
Isso é historicamente injusto e potencialmente perigoso, inclusive para os judeus da diáspora. Como tem sido visto no mundo, a radicalização de discursos contra Israel alimenta também o antissemitismo, gerando violência. Não aceitamos que o mesmo se repita no Brasil.
O politico não cita o fato de a ONU ter votado pela partilha da região da Palestina, de modo que judeus tivessem um Estado – o único para esse povo no mundo – e os árabes tivessem mais um novo país – um ano antes, a Jordânia havia sido criada também na região da Palestina, como mais um país árabe.
Tampouco, no vídeo é relembrado que foram as lideranças árabes, após a resolução daONU, que se negaram a aceitar o novo país, porque não queriam que houvesse um Estado vizinho de maioria judaica no Oriente Médio.
Ao escolher contar – e distorcer – apenas um pedaço de um capítulo histórico, Edmilson se comporta de modo irresponsável, o que não condiz com seu cargo e a importância da cidade que representa.
As populações deslocadas,em decorrência da negativa árabe em aceitar um novo país e da fundação de Israel,incluem além de 750 mil palestinos,mais de 850 mil judeus, que tiveram que deixar suas casas em países árabes ou muçulmanos, como Síria,Líbano e Irã,onde estavam há gerações.
A fala do prefeito adota a narrativa da Nakba (ou catástrofe) palestina, sem em nenhum momento se importar com as catástrofes vividas pelos israelenses, que têm sido alvo de grupos terroristas há décadas. Mais de 4 mil israelenses foram assassinados por terroristas palestinos.
Quando cita check-points (postos de controle) que permeiam parte do território sob domínio da Autoridade Nacional Palestina, o prefeito esquece de dizer que eles foram instituídos, apenas durante a Segunda Intifada, quando dezenas de ataques com homens-bomba eclodiram no território israelense.
Também é importante frisar que, 20 anos após a implementação desses postos, 90% deles foram desativados, visando a melhoria do ir e vir entre a população palestina.
Nós nos colocamos à disposição do prefeito Edmilson Rodrigues para debater esse tema e esperamos que ele esteja aberto ao diálogo, mostrando que seu interesse pelo conflito israelo-palestino é pacífico e não tem motivação ideológico-racista.



