OPINIÃOPará

Edmilson reaparece como comentarista da cidade que ele mesmo negligenciou

Ex-prefeito tenta se reinventar como crítico da cidade que governou, mas esquece que boa parte dos problemas atuais nasceram — ou pioraram — durante sua gestão silenciosa e ineficiente.

Nos últimos 30 dias, o ex-prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ressurgiu como uma espécie de “conselheiro informal” da cidade. Aparece na imprensa, opina com desenvoltura sobre os problemas urbanos, critica a atual administração e parece ter assumido, sem nomeação oficial, o cargo de analista político da capital paraense. A ironia? Belém continua enfrentando muitos dos mesmos problemas que se agravaram durante a gestão dele.

Edmilson, que passou quatro anos blindado em um gabinete silencioso, mal dava entrevistas e não se comunicava com a população, agora se vê à vontade para apontar erros — mas sem nunca tocar nos fracassos que deixou para trás. A crise do lixo, por exemplo, que ganhou repercussão nacional e transformou Belém em símbolo do abandono urbano, estourou em sua gestão. A falta de transparência, a omissão diante de críticas e a inércia administrativa em temas básicos como coleta de resíduos, mobilidade e zeladoria urbana são marcas que ainda ecoam.

Hoje, como oposição ao atual prefeito, Edmilson parece ter reencontrado a voz. Mas não seria mais honesto se ele também assumisse responsabilidade pelo cenário que ajudou a construir? Em vez de virar comentarista da tragédia urbana, poderia começar reconhecendo a fragilidade de sua própria passagem pela prefeitura.

É surreal — e até cômico — ver o ex-prefeito se projetar como alguém capacitado para opinar, quando passou boa parte do mandato se escondendo da imprensa e fugindo do debate público. Agora, tenta surfar na crise alheia para recuperar capital político e talvez, quem sabe, pavimentar um novo voo eleitoral.

A verdade é que o belenense tem uma memória curta — ou muito generosa. Mas quem vive na cidade sabe: a Belém que Edmilson critica hoje é, em parte, consequência direta da falta de gestão que ele mesmo ofereceu. Antes de querer dar lição de casa, seria prudente olhar para o boletim da própria administração. E spoiler: a nota não é boa.

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