DENÚNCIA

DOL esconde vítimas da Covid-19 no Pará em suas manchetes

Quem acompanha as matérias do Diário on Line (DOL) falando dos balanços diários sobre a pandemia do novo coronavírus no estado do Pará, apresentados pela Secretaria Estadual de Saúde (SESPA), deve ter notado que as manchetes nunca apresentam o número total de óbitos divulgados no dia.

Desde maio – no auge da pandemia -, que a SESPA resolveu apresentar os dados de óbitos e novos casos separados de acordo com a data de confirmação. No início eles eram separados em “nas últimas 24hs” dos que aconteciam em “datas anteriores”. Ou seja, um óbito que acontecesse fora do prazo de 24h entre os boletins da SESPA seria apresentando, após confirmação, como ocorrido em “datas anteriores” mesmo que o lançamento no sistema fosse no outro dia após a ocorrência do óbito.

A justificativa da SESPA para separar os números nos balanços foi porque as prefeituras do interior do estado estavam atrasando a atualização do sistema, o que ocasionou o represamento de novos casos e óbitos.

Depois de o Ministério Público e a Defensoria da União cobrarem mais transparência na divulgação dos boletins informativos, desde o início de junho, a SESPA usa o modelo atual, separando os casos cadastrados no dia, mas que ocorreram nos últimos sete dias, além dos que ocorreram em períodos anteriores. Da mesma forma, serão indicados os óbitos cadastrados no dia, que ocorreram nos últimos sete dias e os de períodos anteriores.

E aqui que o DOL entra para fazer papel marrom politiqueiro e usar sua visibilidade para “invisibilizar” mortes ocorridas fora do prazo de 7 dias.

O boletim acima é o último lançado pela SESPA. Apresenta os casos cadastrados até as 18h de ontem, 20 de julho. Nele estão os 8 óbitos ocorridos nos últimos sete dias e mais 8 óbitos ocorridos em períodos anteriores, mas que somente agora chegaram ao sistema da SESPA.

Agora veja a manchete da matéria do DOL sobre esse boletim, nela aparece somente os 8 óbitos ocorridos nos últimos sete dias ( o mesmo acontece com novos casos).

Isso é uma constante nas manchetes do DOL desde quando a SESPA passou a usar esse novo modelo de boletim em um momento em que o governo do estado anunciava a flexibilização das atividades econômicas com o tal “Retoma Pará”.

Quem olha a manchete do DOL vai imaginar que o ritmo de contaminação no Pará e novos óbitos atingiram níveis baixíssimos e que a pandemia está sob controle no estado.

O pior ainda é que como se, para o DOL, os outros 8 óbitos nunca existiram, como se aquelas famílias que tiveram um parente vítima da Covid-19 nunca sentiram dor, desespero, sofrimento.

Todos esses números não são apenas números, intangível, desconexo. Eles representam pessoas, rostos, histórias, sonhos, memórias, afetos, saudades. Quando o DOL faz isso, sorrateiramente, está desrespeitando e ignorando o ser humano que existe por trás daquele número. O jornalismo não deve se prestar a isso.

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