Não há limites para Angelita Harb-Gama. A paraense, nascida na Ilha do Marajó, em 1933. Angelita foi à primeira mulher a ser residente em cirurgia geral no Hospital das Clínicas da USP. Na mesma instituição foi, também, a primeira a chefiar o departamento de Gastroenteriologia.
Angelita publicou mais de duzentos artigos científicos e tem atuação de destaque em diversas associações médicas no Brasil e no exterior. De tão competente, a médica criou a disciplina coloproctologia, área que estuda doenças que atingem todo o aparelho gástrico digestivo. E, na semana passada, ela ingressou no seleto rol dos cientistas que mais contribuíram para o desenvolvimento da Ciência em todo o mundo. Apenas 2% dos pesquisadores mais destacados no planeta fazem parte dessa lista organizada pela Universidade norte-americana de Stanford.
Angelita está entre a lista de médicos que provam que é possível envelhecer e seguir se destacando na profissão. De acordo com uma publicação da revista ‘Isto É’, quanto mais se vive o dia a dia da profissão mais conhecimento se adquire. É esse o entendimento que muitos médicos, todos além dos 70 anos, têm sobre as suas atividades.
A geneticista Mayana Zatz, 74 anos, desenvolve um estudo intitulado Genética do Envelhecimento Saudável, no qual observa diversos aspectos do genoma de pessoas idosas ou centenárias. Ela certifica que o envelhecimento depende essencialmente de dois fatores: o ambiente em que se vive e o conjunto genético de cada individuo, na proporção de 80% e 20%, respectivamente. Ou seja, primeiro tem de se respeitar aquela receita básica da alimentação saudável, exercitar-se fisicamente, manter uma rotina que permita boas noites de sono. Aí sim, entra a roleta da genética: algumas pessoas, ainda que não respeitem nenhum ponto acima mencionado sobre um dia a dia sadio, conseguem ser longevas. “Esses casos chamamos de genes protetores”, explica Mayana.
Nesse terreno do bem envelhecer, chama ainda mais atenção gente que, apesar de carregarem bom par de anos nas costas, seguem muitíssimo bem em sua atividade profissional. Esse fenômeno ocorre, sobretudo, entre os que estudaram e se formaram para nos fazer envelhecer com saúde – ou seja, os médicos. “Nesse sentido, a motivação pessoal acompanha os genes protetores”, diz Mayana.