O Haiti, outrora uma potência econômica e um protagonista geopolítico influente, hoje enfrenta uma realidade de anarquia e extrema pobreza. Sob o nome de Saint-Domingue, foi a colônia mais lucrativa do mundo atlântico no século XVIII, destacando-se como principal produtor mundial de açúcar e café. Sua independência em 1804, conquistada por meio da primeira e única revolta escrava bem-sucedida nas Américas, o transformou em farol da autodeterminação e abolição, inspirando movimentos de libertação em todo o mundo.
O desafio haitiano encontrou resistência internacional, especialmente dos Estados Unidos e da França, que temiam o impacto do exemplo haitiano na luta contra a escravidão em seus próprios territórios. Após séculos de intervenção estrangeira, instabilidade política e catástrofes naturais, como o terremoto de 2010, que deixou centenas de milhares de mortos e milhões de desabrigados, o Haiti luta para se recuperar.
A atual onda de violência e caos, liderada pela “Família G9”, uma aliança de gangues locais, destaca a urgência da intervenção internacional para restaurar a estabilidade. No entanto, a relutância da comunidade internacional em enviar tropas se deve aos fracassos anteriores das missões de paz, incluindo a liderada pelo Brasil entre 2004 e 2017.
Enquanto o Quênia lidera uma nova missão policial no Haiti, a população enfrenta uma crise humanitária cada vez mais grave, com mais da metade vivendo abaixo da linha da pobreza e enfrentando o risco de fome generalizada. Em um país marcado por tragédias e glórias, resta agora esperar que a ajuda internacional possa aliviar o sofrimento do povo haitiano e pavimentar o caminho para um futuro mais estável e próspero.