O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) defendeu, em participação no podcast Redcast transmitido na última quinta-feira (18), a divisão do Brasil em dois países — que chamou de “Brasil do Norte” (Norte + Nordeste) e “Brasil do Sul” (Centro-Oeste + Sudeste + Sul). A sugestão, apresentada durante debate sobre a representação no Senado e a proporcionalidade entre número de senadores e população, surpreendeu o apresentador e provocou forte repercussão nas redes sociais.
“No Brasil a gente recorta Norte e Nordeste, passa a ser Brasil do Norte. E todos os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul passam a ser Brasil do Sul”, afirmou Bilynskyj, que também sustentou uma leitura política da proposta: “Eles [Norte] votam no Lula, nós [Sul] votamos no Bolsonaro, pronto, acabou”. A declaração foi feita entre outras observações sobre tamanhos territoriais e sua suposta relação com formas de governo.
A afirmação sobre o padrão de votação foi contestada por dados eleitorais de 2022: ao contrário do argumento do parlamentar, Jair Bolsonaro teve mais votos do que Lula na região Norte no segundo turno das eleições de 2022, segundo levantamento da imprensa com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral.
Repercussão e contexto político
A proposta de Bilynskyj foi rapidamente repercutida por portais e perfis nas redes, que classificaram o discurso como separatista e politicamente inflamado. Para críticos, a ideia ignora a impossibilidade prática e constitucional de uma separação desse tipo — e pior, aprofunda narrativas de divisão regional por motivações essencialmente eleitorais. Defensores em redes próximas ao parlamentar regressaram à ideia como reação ao que veem como distanciamento político entre regiões.
Quem é o deputado
Paulo Bilynskyj, 38 anos, é deputado federal por São Paulo pelo PL e delegado licenciado da Polícia Civil paulista. Seu histórico funcional tem sido alvo de atenção da própria corporação: a Polícia Civil de São Paulo aguarda há anos a formalização de sua demissão, e um documento sigiloso obtido pela imprensa relata processos disciplinares que remontam ao estágio probatório da carreira. A trajetória administrativa do parlamentar inclui recomendações contrárias à sua permanência na instituição e episódios que motivaram apurações internas.
Além disso, Bilynskyj já foi ligado a polêmicas públicas de grande repercussão, como o compartilhamento em seu perfil de uma peça publicitária de um cursinho em que foram feitas insinuações consideradas de apologia ao estupro e racistas — episódio que motivou investigação do Ministério Público de São Paulo. Esses antecedentes aparecem nas matérias que acompanham o debate sobre sua permanência como servidor policial e sobre sua conduta pública.
Implicações e limites práticos
Especialistas consultados por veículos que repercutiram o caso lembram que a ideia de “recortar” um país em dois esbarra em barreiras constitucionais, logísticas e econômicas enormes — do aparato institucional necessário para a criação de dois Estados soberanos ao impacto sobre serviços públicos, dívida, relações exteriores e segurança. Mesmo movimentos separatistas históricos no Brasil (como grupos que defendem autonomia no Sul) enfrentaram desde sempre resistências legais e ausência de viabilidade política ampla.



