A iminente cúpula dos líderes das nações amazônicas, incluindo Brasil, Peru e Colômbia, que ocorrerá em Belém na próxima semana, terá como foco principal a discussão sobre um novo e preocupante fenômeno: o “narco-desmatamento”. Este termo, cunhado em um recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), aponta para um alvo emergente para as forças de segurança atuando na região amazônica, onde as linhas que delimitam diferentes grupos criminosos se tornam cada vez mais tênues.
O evento, que reunirá os oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), buscará o estabelecimento de uma colaboração conjunta para combater o crime ambiental associado a atividades de narcotráfico e desmatamento ilegal.
A crescente produção de coca andina e a alta demanda por cocaína na Europa transformaram a Amazônia em um corredor crucial para o tráfico de drogas. As rotas de contrabando se infiltram na vasta região pouco povoada e de baixa vigilância, utilizando barcos, aeronaves e até submarinos para transportar as cargas ilícitas rumo ao Oceano Atlântico.
Com os lucros em ascensão, muitos grupos do tráfico estão agora lavando dinheiro por meio de práticas como grilagem de terras, exploração madeireira e garimpo. Esse fenômeno foi alertado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Relatório Mundial sobre Drogas.
A interseção crescente dessas atividades criminais levou as forças policiais a ampliar operações antidrogas, como a que ocorre entre Brasil e Peru este ano, para também abranger crimes ambientais.
Os assassinatos de ativistas, como o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, atribuídos a gangues de pescadores ilegais com conexões no crime organizado, levaram a um aumento do policiamento em áreas remotas. A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva também intensificou a repressão ao crime ambiental, incluindo a criação de uma diretoria especializada da Polícia Federal para a Amazônia e crimes relacionados.
O encontro na cúpula buscará acordos e planos de cooperação internacional para o compartilhamento de tecnologia e estratégias de combate ao “narco-desmatamento”. O Brasil também apresentará planos para o estabelecimento de um centro de cooperação policial internacional em Manaus, visando à coordenação de investigações entre os países da região.