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COP30 vira trunfo eleitoral para família Barbalho

Principais obras para realização do evento estão nas mãos do Estado

Com as principais obras do evento nas mãos do governo do Estado, a COP30 virou um trunfo eleitoral para o clã Barbalho e seu candidato, Igor Normando (MDB), para a prefeitura de Belém. Dessa forma, fica enfraquecida a possibilidade de o prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) “usar a máquina para se eleger”, como é a praxe entre os mandatários que buscam a reeleição no Brasil. Já o candidato bolsonarista Éder Mauro vê a conferência como um evento importante pelos investimentos que chegarão à cidade, mas afirma que os negociadores climáticos devem levar em conta os interesses do setor produtivo.

O evento será realizado no Parque da Cidade, que está sendo construído onde antes ficava o Aeroporto Brigadeiro Protásio, que funcionou entre 1936 e 2021 em uma área central da capital de Belém. A área foi cedida pela União ao governo paraense. E, com orçamento estimado em R$ 980 milhões, trata-se da maior obra da COP30. Após o evento, será entregue à população como o principal equipamento de lazer da cidade.

Outra obra importante no orçamento da conferência, o Porto Futuro 2 também está nas mãos do governo do Estado. Em área igualmente cedida pela União, cinco armazéns às margens do rio Guamá estão sendo recuperados para construção da segunda etapa de um complexo turístico com bares, restaurantes e eventos, o Porto Futuro. Em uma área contígua, essa obra foi inaugurada no governo Jair Bolsonaro, mas idealizada pelo governador Helder Barbalho quando era ministro da Integração Nacional na gestão Michel Temer.

Com as duas principais vitrines da COP sob controle do governador, Normando pretende associar sua imagem ao que classifica como “modo de governar baseado em resultado e entregas” de seu primo em segundo grau, o governador Helder Barbalho (MDB), embora preocupações quanto à infraestrutura hoteleira ainda sejam motivo de preocupação na cidade.

“Acredito muito que a nossa pauta de campanha será fundamentalmente mostrar que o Pará se desenvolveu, está avançando, cresce a passos largos. E Belém infelizmente estagnou e até regrediu. É importante mostrar essa comparação, porque são modos diferentes de governar”, afirma Normando.

Edmilson Rodrigues, por sua vez, também foi ouvido pelo governo federal e recebeu recursos para realizar obras municipais relacionadas ao evento. As principais são o Parque Urbano Igarapé São Joaquim e a reforma do tradicional Mercado de São Brás, com orçamento somado de cerca de R$ 190 milhões.

O prefeito critica a prioridade dada pelo governo do Estado a obras viárias, como as avenidas Tamandaré e a Avenida Doca de Souza Franco. Juntas, elas devem consumir investimentos da ordem de R$ 500 milhões.

“Eu não aceitei fazer [essas obras]. Não fui contra que o governo do Estado fizesse, porque foi isso que ele apresentou à equipe da COP”, disse Rodrigues. “Eu não perturbo a obra do governo do Estado. Apenas acho que foi um erro que o governo federal aprovasse uns projetos que não são os mais importantes para Belém.”

Normando rebate a crítica e afirma que os comentários são para “diminuir o trabalho de quem realmente esteve à frente dessa articulação e, ao mesmo tempo, da execução das obras”.

Questionada sobre os comentários de Rodrigues, a Casa Civil disse que “os recursos serão utilizados em obras e intervenções fundamentais à realização de um evento do porte da Conferência do Clima”. Os investimentos disponibilizados pelo governo federal para a COP30 somam R$ 3,7 bilhões, advindos de três fontes: Novo PAC, do BNDES, de Itaipu.

“Contamos com o empenho e compromisso de todos os atores envolvidos nas esferas federal, estadual e municipal”, afirmou a pasta.

Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja gestão em relação às questões climáticas foi criticada por especialistas, Éder Mauro celebra a atração de investimentos ligados à COP30, mas adota discurso ponderado em relação à defesa do meio ambiente.

“É uma situação que vai fazer com que aqueça o nosso setor hoteleiro, vai trazer empregos diretos e indiretos”, afirma. “Mas eu, como eu penso a questão do meio ambiente, quero discutir tudo isso. Eu vou levar a pauta de que a gente precisa preservar o meio ambiente, mas a gente não pode parar o progresso. A gente não pode empatar o homem do campo de fazer a plantação dele, a gente não pode empatar que o pessoal do agronegócio continue trabalhando e alimentando o mundo inteiro”, afirma.

Aposta para movimentar a economia, a capacidade do setor hoteleiro de Belém segue considerado o principal desafio para receber a conferência. Apesar de os governantes adotarem um discurso otimista, interlocutores admitem nos bastidores que a questão ainda é uma preocupação.

A estimativa é que serão necessários pelo menos 11 mil leitos para as categorias A e B (alto padrão), quando a cidade dispõe de menos de mil unidades.

Segundo o secretário de Infraestrutura do Estado, Adler Silveira, ao menos duas grandes redes estão construindo empreendimentos de alto padrão na cidade, com 800 leitos. Outra parte do problema será resolvida com obras de dragagem que possibilitarão a ancoragem de navios de cruzeiro na cidade durante o evento. A estimativa é que as embarcações providenciem entre 4 mil e 5 mil leitos adicionais.

O governo do Estado também firmou uma parceria com o Airbnb e está estimulando em propagandas na TV a população a cadastrar seus imóveis para receber os integrantes de delegações da COP.

Segundo a empresa, “o acordo inclui áreas de cooperação como empoderamento econômico, com a criação de materiais informativos e educacionais para potenciais anfitriões na plataforma; promoção turística digital de Belém como sede da COP30; e turismo regenerativo, por meio de iniciativas de sustentabilidade, empreendedorismo e preservação cultural”.

Com informações Valor Econômico

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