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COP30 é necessidade de apoio global para preservar a Amazônia

Conferência reunirá mais de 190 países para discutir preservação ambiental, compromissos econômicos e desafios sociais da região amazônica.

Pela primeira vez, a Conferência das Partes (COP), principal evento global sobre mudanças climáticas, será realizada na Amazônia, com sede em Belém (PA). A escolha da capital paraense tem caráter estratégico, por situar-se no centro da maior floresta tropical do planeta, e representa uma oportunidade para o Brasil apresentar compromissos concretos de preservação e desenvolvimento sustentável.

Amazônia e o custo da preservação

De acordo com o Banco Mundial, os países que compartilham a Amazônia deixam de movimentar US$ 317 bilhões por ano em potencial econômico devido à conservação ambiental. No Brasil, essa responsabilidade recai sobre 18,7 milhões de habitantes, dos quais 13 milhões vivem no interior da floresta, longe dos grandes centros urbanos.

A Amazônia cobre 45,5% do território nacional, mas responde por apenas 6,2% do PIB do país e 8,7% da população brasileira. Aproximadamente 25% da floresta está em terras indígenas, onde vivem 310 mil pessoas, além de áreas de proteção permanente e uso sustentável, que limitam a exploração econômica.

Desigualdade regional e necessidade de apoio internacional

A renda per capita média na Amazônia é 29% inferior à média nacional, e no interior essa diferença sobe para 64%. A desigualdade socioeconômica na região é um dos pontos que o Brasil pretende destacar na COP30, buscando maior apoio financeiro dos países desenvolvidos.

Líderes internacionais e economistas reconhecem a necessidade de cooperação. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em 2023 que “é impossível preservar a floresta sem contribuição efetiva dos países ricos”. Já a ex-primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, e o economista Lars Peter Hansen reforçaram a importância de mecanismos de financiamento global para garantir a conservação e o bem-estar das populações locais.

O governo brasileiro defende que os países do G7, responsáveis por mais de 60% do PIB mundial, devem reconhecer a renúncia econômica dos estados amazônicos e colaborar financeiramente. O Banco Mundial estima que as nações ricas deveriam repassar US$ 196 bilhões por ano ao Brasil, o equivalente a 62% das perdas econômicas associadas à preservação da floresta.

Caminhos sustentáveis e oportunidades econômicas

Além da cooperação internacional, especialistas apontam que o setor privado pode contribuir por meio de mecanismos de compensação ambiental e campanhas globais de arrecadação. Uma iniciativa simbólica, como a adição de US$ 0,01 a US$ 0,02 no preço de produtos de grandes fabricantes, poderia gerar até US$ 20 bilhões anuais para projetos de preservação.

Outra alternativa está na emissão de créditos de carbono a partir de terras indígenas e áreas protegidas, com potencial para movimentar bilhões de dólares sem impacto direto sobre comunidades locais.

Compromissos do Brasil na COP30

Durante a conferência, o Brasil deve apresentar medidas para combater o desmatamento e o garimpo ilegal, proteger rios e comunidades, e promover atividades econômicas sustentáveis como o turismo ecológico, a pesca controlada e o aproveitamento de frutas e fármacos amazônicos.

Também está prevista a implementação de um inventário florestal da Amazônia, ainda inédito, e a proteção do Sistema Aquífero Grande Amazônia (S.A.G.A), que abastece grande parte da região Norte e tem papel essencial no equilíbrio hídrico nacional.

Expectativas para a conferência

A COP30 em Belém deve reunir representantes de mais de 190 países. O encontro será um marco para reforçar o papel da Amazônia nas negociações climáticas e destacar a necessidade de políticas que combinem preservação ambiental, desenvolvimento econômico e justiça social.

O evento também pretende dar visibilidade aos povos indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais, reconhecidos como os principais responsáveis pela conservação da floresta, mas que enfrentam os maiores impactos das mudanças climáticas.

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