Dois pastores evangélicos acusados de matar um adolescente de 14 anos em 2001, em Salvador, na Bahia, foram condenados a 21 anos de prisão em regime fechado pelo Tribunal do Júri, na quinta-feira (27/04). Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda presidiam os cultos da Igreja Universal do Reino de Deus, que Lucas Terra frequentava, e foram acusados de assassinar o jovem após ele flagrá-los mantendo relações sexuais dentro do templo. De acordo com as investigações, o adolescente foi dominado, agredido, estuprado e queimado vivo, tendo seu corpo encontrado carbonizado em um terreno baldio. A defesa dos acusados vai entrar com recurso.
O terceiro pastor envolvido no crime, Silvio Roberto Galiza, já havia sido condenado anteriormente a 18 anos de prisão e já cumpriu a pena. Foi ele quem apontou os outros dois autores do crime, levando à denúncia pelo Ministério Público da Bahia.
Durante o julgamento, que durou três dias, nove testemunhas de acusação reforçaram o conjunto de provas para que o Ministério Público pedisse a condenação dos réus. A mãe do adolescente, Marion Terra, também foi ouvida e se emocionou durante o julgamento. Marion acompanhou a sessão do júri ao lado dos dois filhos, irmãos da vítima, e de outros familiares. O pai do adolescente, Carlos Terra, morreu em 2019, sem ver a justiça sendo feita para o caso de Lucas.
Após a leitura da sentença, Marion agradeceu a todos da imprensa que nunca se calaram e sempre foram a voz da família. Ela declarou que essa vitória não é só dela, do Carlos ou do Lucas, mas de todas as mães da Bahia que muitas vezes perdem os filhos e se deparam com poderosos economicamente e não têm direito à justiça. O promotor Davi Gallo, que atuou na acusação dos réus, considerou a pena adequada à gravidade do crime e afirmou que a defesa vai exercer o direito de recurso. O advogado Nestor Távora, que atuou na defesa de Fernando e Joel, informou que a defesa analisará a decisão proferida e se manifestará oportunamente.