CRIME

Caso da influencer Mariana Ferrer termina em ‘estupro culposo’ e causa revolta nas redes sociais

O processo que inocentou o empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a influenciadora Mariana Ferrer, 23 anos, gerou revolta nas redes sociais. Isso porque, segundo a argumentação da Defesa, o que ele cometeu foi “estupro culposo”, quando o “crime” é cometido de forma não-intencional. Na sentença, o juiz Rudson Marcos julgou como improcedente as denúncias da jovem.

O promotor responsável pelo caso decidiu que não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo, portanto, “intenção” de estuprar.

A decisão foi suficiente para provocar revolta nas redes sociais. A hashtag #justiçapormariferrer alcançou os trend topics do Twitter. Agora, o caso volta a ser destaque, dessa vez pela postura dos advogadas mostradas em vídeos divulgados pelo The Intercept.

A defesa do empresário mostrou cópias de fotos sensuais produzidas pela jovem enquanto modelo como reforço ao argumento de que a relação foi consensual, sem ser questionado sobre a relação das imagens com o caso. O advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho também repreende o choro de Mariana: “não adianta vir com esse teu choro dissimulado, falso e essa lábia de crocodilo”.

A jovem reclamou do interrogatório para o juiz. “Excelentíssimo, eu ‘tô’ implorando por respeito, nem os acusados são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, diz. Em uma das poucas interferências, o juiz Rudson Marcos diz que vai parar a gravação para que ela possa se recompor e tomar água e pede para o advogado manter um “bom nível”.

Filho do advogado Luiz de Camargo Aranha Neto, que já representou a rede Globo em processos judiciais, Aranha é empresário de jogadores e é visto com frequência ao lado de figuras como o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário e Gabriel Jesus. Na festa em que Mariana afirma ter sido estuprada, por exemplo, ela estava acompanhada de Roberto Marinho Neto, um dos herdeiros da Globo.

O caso

Segundo Mariana, na época com 21 anos, o estupro teria ocorrido na noite de 15 de dezembro de 2018, na festa de abertura do verão Music Sunset do beach club Café de la Musique, em Jurerê Internacional, em Florianópolis. Ela trabalhava como promotora do evento, responsável por divulgar a festa nas redes sociais.

Um vídeo, que mostra Mariana grogue subindo uma escada com a ajuda de Aranha em direção a um camarim restrito da casa, foi vazado na internet. Eles sobem os degraus às 22h25, e descem seis minutos depois. A polícia solicitou o material meses depois do início das investigações, e a boate alegou que o dispositivo exclui as imagens após quatro dias. Por isso, apesar de a boate ter 37 câmeras de segurança, não foi possível recuperar imagens do resto da noite.

Em seu depoimento à polícia, Mariana afirmou que teve um lapso de memória entre o momento em que uma amiga a puxou pelo braço e a levou para um dos camarotes do Café em que o empresário Aranha estava e a hora em que “desce uma escada escura”. Ela acredita ter sido dopada. A única bebida alcoólica anotada na comanda do bar em seu nome foi uma dose de gim. Mariana era virgem até então, o que foi constatado pelo exame pericial.

Tanto a virgindade dela quanto a sua manifestação nas redes sociais foram usadas pelo advogado do empresário, que alega que ela manipulou os fatos. “Tu vive disso? Esse é teu criadouro, né, Mariana, a verdade é essa, né? É teu ganha pão a desgraça dos outros? Manipular essa história de virgem?”, disse Cláudio Gastão durante a audiência de instrução e julgamento.

Fonte: O Intercept

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