Camarão-da-Malásia: Uma Espécie Invasora que Desafia a Biodiversidade no Pará
Introduzido no Brasil na década de 70, o Macrobrachium rosenbergii, ou camarão-da-Malásia, cresce em quantidade e preocupação na foz do rio Amazonas, causando desequilíbrios ecológicos e ameaçando a fauna local.
Nos últimos dias, um vídeo que circulou amplamente nas redes sociais chamou a atenção de internautas. Nele, um morador de Barcarena, Região Metropolitana de Belém, aparece pescando uma enorme quantidade de camarões de coloração azulada e com patas enormes, despertando a curiosidade e até o apetite dos espectadores. No entanto, o que parece ser uma iguaria na verdade representa uma ameaça ao equilíbrio ambiental da região.
O camarão avistado nas águas do rio Amazonas não é uma espécie nativa, mas sim o Macrobrachium rosenbergii, popularmente conhecido como camarão-da-Malásia. Nativo do Indo-Pacífico, o crustáceo foi introduzido no Brasil em 1977 com o intuito de ser cultivado em aquicultura. Desde então, ele se estabeleceu na região, mais precisamente na foz do rio Amazonas, onde tem ganhado espaço e gerado preocupações entre especialistas.
O crustáceo
Com uma impressionante capacidade de adaptação, o camarão-da-Malásia é caracterizado por seu tamanho grande, com machos podendo alcançar até 32 cm, enquanto as fêmeas chegam a 25 cm. Sua coloração muda conforme a fase de vida: quando adulto, apresenta uma tonalidade azulada, e, na juventude, surge com listras tigradas. A reprodução ocorre em águas salobras, o que limita sua presença em ambientes continentais, mas a espécie tem se adaptado surpreendentemente bem no Pará.
Esse crustáceo, porém, não é só conhecido por seu tamanho e aparência exótica. O M. rosenbergii é um predador voraz, alimentando-se de uma vasta gama de outros animais aquáticos, como peixes e camarões. Em alguns casos, ele chega até a praticar canibalismo. Esse comportamento agressivo coloca em risco a fauna local, pois pode levar a desequilíbrios ecológicos, prejudicando as espécies nativas que dependem do ecossistema aquático da região. Além disso, o camarão-da-Malásia é um vetor do vírus WSS (White Spot Syndrome), que pode afetar outras populações de camarões nativos, agravando ainda mais a situação.
Espécies invasoras
O M. rosenbergii é um exemplo claro do que são as espécies invasoras, organismos que não são naturais de uma região, mas que se estabelecem ali com o auxílio da ação humana, muitas vezes causando danos irreparáveis ao meio ambiente. Espécies invasoras, como o camarão-da-Malásia, competem com as espécies locais por recursos e, frequentemente, alteram o equilíbrio ecológico, ameaçando a biodiversidade e os sistemas naturais.
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), as espécies invasoras são a segunda maior ameaça à biodiversidade global, ficando atrás apenas do desmatamento. A introdução dessas espécies ocorre de diversas formas, seja acidentalmente, seja deliberadamente, como no caso do camarão-da-Malásia, que foi introduzido de maneira controlada para a aquicultura.
A proliferação de espécies invasoras não se limita a apenas um exemplo. Espécies como o caramujo africano, o peixe-leão e até o pirarucu têm mostrado os efeitos destrutivos dessas espécies fora de seus habitats nativos.
Portanto, enquanto o vídeo que viralizou traz à tona a beleza e o tamanho impressionante dessa espécie , ele também serve como um alerta sobre os impactos ambientais que ela pode causar.



