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Cadeias típicas dominam 20% da economia agrícola na Amazônia, revela estudo

Um estudo realizado pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (OCBio/FGV) revelou que as cadeias de produção de alimentos tradicionais na Amazônia têm uma participação significativa na economia agrícola da região. Embora ocupem apenas 13% da área de produção agropecuária no bioma, essas cadeias contribuem com 20% do valor total de produção local.

Em contraste, os grãos, como soja, milho e algodão, ocupam 86% da área de produção e representam 80% da renda agrícola na Amazônia. No entanto, os produtos tradicionais, como açaí e mandioca, têm um impacto econômico proporcionalmente maior.

Segundo os dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, analisados pelo OCBio/FGV, em 2022, a produção agrícola em todo o bioma amazônico totalizou R$ 118,5 bilhões. Desse valor, as cadeias tradicionais responderam por R$ 24,4 bilhões, enquanto os grãos geraram R$ 94,1 bilhões.

A diferença na contribuição econômica das cadeias é evidenciada pela geografia. Quando os municípios de Mato Grosso, principal Estado produtor de grãos do país, são excluídos da análise, os produtos tradicionais na Amazônia somam R$ 21,9 bilhões em valor de produção, superando os R$ 19,8 bilhões gerados pelos grãos.

Apesar da disparidade na renda gerada, os pesquisadores do OCBio enfatizam a importância de considerar as diferentes realidades na promoção da bioeconomia amazônica. Eles defendem políticas públicas que estimulem a produção sustentável e a geração de renda para as comunidades locais, tanto nas cadeias tradicionais quanto nas commodities.

Para Talita Pinto, coordenadora de projetos do OCBio, é essencial que um plano de bioeconomia na Amazônia promova a educação técnica, a geração de conhecimento específico e o fortalecimento de modelos cooperativistas para as cadeias amazônicas ganharem escala e acessarem mercados de valor agregado.

Além disso, ela destaca o potencial do setor agropecuário para adotar técnicas sustentáveis e recuperar áreas degradadas, ressaltando que o desenvolvimento econômico da região não deve comprometer a preservação ambiental nem as comunidades locais.

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