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“Cadê o Skilhos do gatinho?” Paraenses não encontram icônico salgadinho regional e vídeo viraliza nas redes

Sumido das prateleiras, o tradicional Skilhos reaparece como símbolo da crise da Hiléia, que enfrenta investigação por fraude na recuperação judicial

Um vídeo publicado no TikTok por um jovem paraense viralizou neste fim de semana ao mostrar prateleiras de uma grande rede de supermercados de Belém sem nenhum pacote de Skilhos, o icônico salgadinho regional conhecido pelo mascote de gatinho na embalagem. No registro, o consumidor percorre o corredor onde antes a marca costumava ser dominante e só encontra opções nacionais como Cheetos, Fandangos e outras linhas de snacks industrializados.

A cena reacendeu um sentimento comum entre muitos paraenses: “cadê o Skilhos do gatinho?” — frase repetida por centenas de internautas que se espantaram com a ausência do produto. Nos comentários, usuários relatam que o Skilhos sempre foi presença obrigatória no lanche escolar, nas vendas de bairro e nas mercearias do interior. Outros afirmam que “Skilhos” virou sinônimo de “salgadinho” no Pará, assim como “Nescau” virou sinônimo de achocolatado.

Viral expõe rumores: fábrica teria parado produção

Enquanto alguns consumidores brincaram com o sumiço, outros levantaram um alerta mais sério: a Hiléia, fabricante do Skilhos, estaria em crise e sem conseguir manter a produção. Muitos comentários afirmaram que a empresa “faliu” — informação incorreta, mas que reflete a preocupação popular sobre o futuro de uma das marcas mais tradicionais do Norte.

De fato, a Hiléia vive seu pior momento em décadas.

Crise na Hiléia: decisão judicial aponta possível fraude ligada à marca Skilhos

A maior fabricante de massas, biscoitos e snacks do Norte do Brasil — fundada em 1964 e um dos maiores empregadores de Castanhal — enfrenta uma grave crise jurídica e financeira dentro do processo de recuperação judicial.

Um despacho emitido no fim de novembro pela 2ª Vara Cível e Empresarial de Castanhal identificou “elementos consistentes” de fraude à execução na operação que transferiu a marca Skilhos, gratuitamente, para uma empresa controlada pelos próprios administradores da Hiléia.

A manobra ocorreu em 15 de maio de 2025, no mesmo dia em que foram transferidos R$ 150 mil via PIX para a beneficiária — dois meses antes do pedido de recuperação judicial (proc. nº 0808168-72.2025.8.14.0015).

Como consequência, o juiz Francisco Daniel Brandão Alcântara determinou a indisponibilidade da marca Skilhos e enviou o caso ao Ministério Público do Pará (MPPA), solicitando manifestação urgente sobre:

  • possível crime falimentar (Lei 11.101/2005, art. 168),
  • fraude à execução (CPC, art. 792),
  • possível destituição dos administradores (art. 64 da LRF).

Pressão por ação do Ministério Público aumenta

A decisão judicial afirma que somente o Ministério Público tem legitimidade para pedir o afastamento da diretoria quando há indícios de atos que prejudiquem credores ou o processo de recuperação.

Fontes próximas ao caso relatam que cresce, dentro do meio jurídico e entre credores, a expectativa para que o MPPA se posicione de forma firme, já que a operação envolvendo a marca Skilhos pode configurar esvaziamento patrimonial.

Administradora Judicial vê inconsistências, mas adota cautela

A Administradora Judicial Potiguar & Lobato reconheceu pontos críticos:

  • a cessão da marca foi registrada como gratuita no instrumento particular;
  • a Hiléia não comprovou suposta onerosidade da operação;
  • a transferência de R$ 150 mil no mesmo dia exige “melhores esclarecimentos”.

Apesar disso, recomendou cautela e não pediu, por ora, o afastamento imediato da diretoria — reforçando que cabe ao MPPA deliberar sobre isso.

Patrimônio regional ameaçado

Com mais de 60 anos de história, a Hiléia é responsável por centenas de empregos diretos, além de movimentar cadeias de transporte, distribuição e comércio no Pará e em outros estados do Norte. Qualquer operação que comprometa o patrimônio da empresa ameaça:

  • credores,
  • trabalhadores,
  • pequenos comerciantes,
  • e a economia de Castanhal.

Enquanto isso, consumidores seguem notando o sumiço do Skilhos — um dos produtos mais reconhecidos da marca.

Hiléia permanece em silêncio

Até agora, a Hiléia não se pronunciou sobre:

  • o vídeo viral,
  • a ausência do Skilhos nas prateleiras,
  • a crise interna,
  • ou a decisão judicial que tornou a marca indisponível.

VEJA VÍDEO:

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