Quem passa hoje pelas travessas Padre Eutíquio e São Pedro, em Belém, já consegue visualizar os avanços palpáveis de uma das obras mais simbólicas da preparação da capital paraense para sediar a COP 30 — a Conferência Mundial sobre Mudança do Clima, que ocorrerá em novembro de 2025. Com 72% dos serviços executados, o projeto da Nova Tamandaré ganha forma como um exemplo de requalificação urbana que integra mobilidade, sustentabilidade, urbanismo e qualidade de vida.
A antiga Avenida Tamandaré, conhecida por anos como um ponto crítico de alagamentos e degradação urbana, está sendo transformada em um parque linear com aproximadamente 1,4 quilômetro de extensão. No local, estão sendo implantadas estruturas de lazer, infraestrutura de saneamento, áreas de paisagismo e um corredor verde que pretende redefinir a relação entre a cidade e o canal que corta a região.
Um dos destaques do projeto é a arborização planejada que acompanha a obra em todas as suas etapas. Na Quadra I, já aberta à observação do público, foram iniciadas as plantações de árvores que irão compor um corredor ecológico com 78 novas unidades ao longo das nove quadras do parque. Os canteiros e áreas verdes contam com sistemas de bioabsorção da água da chuva — conhecidas como “esponjas urbanas” —, que ajudam a reduzir a pressão sobre a drenagem convencional, diminuindo o risco de alagamentos e contribuindo para o microclima da região.
A reestruturação da avenida inclui ciclovias, calçadas acessíveis, paraciclos, áreas de contemplação com bancos de madeira, mesas para jogos de tabuleiro, lixeiras e novos espaços de convivência. A urbanização não se limita ao paisagismo: há também grandes investimentos em infraestrutura de esgoto e drenagem. A obra contempla a construção de rede coletora de esgoto, ramais domiciliares, poços de visita, além de uma nova Estação de Tratamento de Esgoto, Estações Elevatórias de Esgoto e Águas Pluviais.
Segundo o secretário de Obras Públicas, Ruy Cabral, a intervenção vai além da preparação para a COP 30. “É mais do que uma obra para receber um evento internacional. Estamos promovendo um novo olhar sobre o espaço urbano de Belém. A Nova Tamandaré vai ficar para a cidade. É mobilidade, saúde, lazer e um novo ecossistema urbano”, afirmou.
A participação da comunidade é outro ponto importante do projeto. Moradores, como a dona de casa Maria Lobato, já demonstram entusiasmo com o novo cenário. “Isso aqui era só um canal abandonado. Hoje, vejo bancos, plantas, tudo arrumado. Vai ser um espaço ótimo para trazer os netos e descansar no fim da tarde. Está mais bonito e seguro”, relatou.
Além da arborização, o plano urbanístico contempla a instalação de cinco comportas que controlam o fluxo das marés, minimizando inundações. Outras áreas públicas, como a Praça Onze de Junho e a futura Praça do Terminal — que se integrará ao Novo Terminal Hidroviário da Tamandaré — também fazem parte do escopo da obra. A estrutura inclui ainda quiosques, playground, espaço pet, academia ao ar livre e até uma árvore solar, que funcionará como ponto de energia limpa.



