Clássico do rock paraense, a música Belém-Pará-Brasil, da Banda Mosaico de Ravena, em um dos seus versos diz “Aqui a gente toma guaraná, quando não tem Coca-Cola, chega das coisas da terra, que o que é bom vem lá de fora“, um grito pela maior valorização do regional, uma crítica a supervalorização do que é de fora, em detrimento do que é daqui.
Arquitetos paraenses que concorreram ao concurso arquitetônico para Parque da Cidade, na antiga área do Aeroclube denunciam que foram preteridos por projetos feitos em escritórios de outros estados. O concurso está sendo promovido pela Secretaria de Cultura do Pará (SECULT) e os dois finalistas foram definidos ontem, 13, onde foram apresentados por Ursula Vidal ao governador Helder Barbalho.
Nesta terça-feira, 14, o governo do estado informou que vai apresentar os dois projetos finalistas. Os dois projetos escolhidos para a grande final não são paraenses.
O arquiteto Camilo De Paulo, que esteve entre os concorrentes, lamentou a decisão de escolher projetos de fora, que não conhecem a realidade de Belém.
“Os dois projetos aprovados são de RJ e SP. Mais uma intervenção em Belém com gnt de fora”, criticou Camilo.
Devido a pandemia, o concurso sofreu alterações nas suas datas correntes. No dia 6 de julho a SECULT atualizou as datas colocando uma semana para que o corpo de jurados, formado apenas por 4 pessoas analisasse as 23 propostas arquitetônicas, urbanísticas e paisagísticas para área do atual Aeroporto Brigadeiro Protásio.
De acordo com a SECULT, a votação na plataforma digital do concurso deve ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto, por meio do site da Fadesp (https://portalfadesp.org.br/). A divulgação do resultado final está previsto para 7 de agosto.
NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE URSULA VIDAL E SECULT SE ENVOLVEM EM POLÊMICAS EM PROJETOS ARQUITETÔNICOS
Não é a primeira vez que Ursula Vidal causa polêmicas na SECULT. No final de 2019 a secretária recebeu várias críticas de arquitetos e urbanistas e defensores do patrimônio histórico devido a autorização de uma estrutura ao redor da casa das 11 janelas. O episódio ficou conhecido como ‘puxadinho da Ursula’.
Um pouco antes disso, em outubro, no período do Círio de Nazaré, a SECULT encobriu o Palacete Faciola, na Avenida Nazaré, ao invés de iniciar uma reforma do prédio, um dos mais importantes do período áureo da borracha. O “transformer” da Ursula viralizou nas redes sociais, entre críticas e memes.
No início deste ano outra polêmica foi a revitalização do monumento da Cabanagem. A obra gerou questionamentos nas redes sociais pelo valor empregado, cerca de R$1,3 milhões, para o que foi entregue. Um estrangeiro fez um vídeo criticando a obras, seu vídeo viralizou levando a SECULT a dizer que as obras ainda não haviam sido concluídas.
No interior do estado a polêmica envolveu o famoso Mirante de São Benedito na cidade de Bragança. Ao custo de R$ 870 mil, tocado pela SECULT de Ursula, o monumento começou a desabar após reforma.
Mais recentemente, Ursula Vidal entrou em uma nova polêmica ao contratar, sem licitação, uma empresa de paulista para realizar manutenção dos jardins da SECULT. A empresa não tinha portfólio para esse serviço e receberia cerca de R$ 160 mil. Ursula foi criticada por priorizar empresas de fora. O episódio ficou conhecido como “Jardins da SECULT”. Após repercussão negativa, a secretária desfez o contrato.