Pará

Após críticas ao Programa Avança Pará, Dom Azcola deixa o Marajó por ordem do Vaticano

Dom Azcola: “Por que não esclarecer os motivos pelos quais o senhor Governador do Estado do Pará tem sido um protagonista na publicidade dos Créditos de Carbono na mídia mundial em ocasiões de alto significado midiático e ecológico conhecendo como conhecia o funcionamento dos Créditos de Carbono no Marajó?”

O Bispo Emérito do Marajó, Dom José Luis Azcona Hermoso, que há 30 anos atua na região, recebeu uma comunicação do Vaticano solicitando sua partida do arquipélago e seu recolhimento em casa destinada a bispos em Belém. As informações são do portal “Notícia Marajó”.

Em uma série de artigos veiculados no site de notícias mencionado, Dom Azcola lançou críticas contundentes ao programa do Governo do Estado, Avança Pará.

Críticas ao Avança Pará:

No primeiro artigo, ele condenou o projeto pela ausência de consulta popular na região do Marajó para determinar prioridades e necessidades reais. Azcola também criticou o empréstimo de 280 milhões de dólares feito pelo estado, argumentando que o governo adota uma postura assistencialista, “nunca tratando o marajoara como sujeito de direitos, mas sim como um objeto degradado e um cidadão ‘de menor’, alguém que infelizmente sempre precisará do ‘grande padrinho’“.

Em outro artigo, o bispo levanta questões sobre uma possível falta de transparência na alocação dos recursos provenientes do Banco Mundial: “Como confiar na representação do Estado e do Banco Mundial quando, na realidade, o programa AP tem sido desenvolvido de maneira completamente reservada, desde o seu início até o seu desfecho? A sociedade civil, os movimentos populares, as instituições e o povo do Pará, incluindo o Marajó, não foram minimamente informados sobre um assunto de extrema relevância e interesse público. Por que essa falta de divulgação?”, questionou.

No seu último artigo, redigido alguns dias antes do seu afastamento e intitulado “Carta (Final) de Repúdio ao Programa Avança Pará”, Azcona critica a política de negociação de créditos de carbono, especialmente a comercialização destes sobre áreas de assentamento habitadas por 1.484 famílias ribeirinhas, localizadas no município de Portel, na ilha do Marajó.

Ele aponta que ONGs atuam como intermediárias na venda de créditos de carbono para grandes multinacionais como AIR FRANCE, BOEING, BRASKEM, TOSHIBA, SAMSUNG, BAYER, TAKEDA e até mesmo o time de futebol inglês LIVERPOOL, usados para compensar emissões. Essas ONGs estariam incentivando os moradores dos assentamentos a estabelecer um Cadastro Ambiental Rural (CAR) como se fosse um título de terra, quando na verdade não se trata de um documento de posse de terra. Alega-se que, na realidade, estariam mascarando contratos de créditos de carbono, tudo isso supostamente com o conhecimento e conivência da SEMAS (Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade).

Como se explica que a Secretaria de meio ambiente e sustentabilidade diante do “Cadastro ambiental rural” (CAR) que foi utilizado de forma ilegal permanecesse muda sendo vendida para as comunidades a imagem de que se tratava de um benefício social gerado pelo Projeto dos Créditos de Carbono (….) ?

E conclui:

Por que não esclarecer os motivos pelos quais o senhor Governador do Estado do Pará tem sido um protagonista na publicidade dos Créditos de Carbono na mídia mundial em ocasiões de alto significado midiático e ecológico conhecendo como conhecia o funcionamento dos Créditos de Carbono no Marajó?”

Avança Pará:

O Avança Pará é um programa do Governo do Estado, em parceria com o Banco Mundial, desenvolvido pela Secretarias de Estado de Educação, (Seduc), Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) e Planejamento e Administração (Seplad) e que tem como objetivos combater a fome, reduzir o desmatamento e criar mecanismo de aceleração da aprendizagem e alfabetização.

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