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Após 15 anos, Agropalma retoma produção de biodiesel no Pará com tecnologia inédita e menor impacto ambiental

Nova planta em Belém utiliza processo 100% enzimático para transformar resíduos oleosos em combustível sustentável, reduzindo emissões e fortalecendo a cadeia regional da palma.

A Agropalma retomou, após 15 anos, a produção de biodiesel no Pará com uma planta considerada referência no setor por utilizar tecnologia 100% enzimática – processo que transforma resíduos oleosos em combustível sem o uso de agentes químicos agressivos. A unidade, localizada em Belém, possui capacidade autorizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) de até 36 mil m³ por ano e deve iniciar operando com 19 mil m³, o equivalente a cerca de 7% da demanda estadual.

A escolha da capital para sediar a nova unidade é estratégica: a planta está a aproximadamente 20 quilômetros dos principais centros de distribuição de combustíveis da região, reduzindo custos logísticos e fortalecendo a economia local. Hoje, o Pará precisa importar grande parte do biodiesel consumido. Somente em 2024, foram 268 milhões de litros adquiridos de outros estados, sendo 79% derivados do óleo de soja produzido principalmente no Centro-Oeste e Sul do país.

O retorno da empresa ao setor coincide com o avanço das políticas de transição energética. A mistura obrigatória de biodiesel no diesel passou de 10% em 2022 para 15% em 2024, e deve chegar a 20% até 2030. Com isso, estima-se que o consumo estadual aumente de 448 milhões para 674 milhões de litros ao ano nos próximos cinco anos.

“Estamos muito contentes por retornar ao ramo do biodiesel em um momento de crescimento do setor. É um movimento alinhado à inovação ecológica e à transição justa”, afirmou André Gasparini, diretor Comercial, de Marketing e Pesquisa e Desenvolvimento da Agropalma.

A tecnologia utilizada permite o uso de matérias-primas variadas, como óleos de alta acidez e resíduos graxos, eliminando a necessidade de substâncias poluentes como metilato de sódio e ácido sulfúrico. O coordenador da planta, Fabrício Menezes Souza, destaca que o processo reforça o conceito de economia circular: “Todo o CO₂ gerado nas operações é reabsorvido pelo cultivo, que produz mais frutos e mais óleo. É um ciclo contínuo”.

A estimativa é que a produção anual da planta evite a emissão de 39 mil toneladas de CO₂, o equivalente a retirar quase 20 mil carros das ruas. A implantação da unidade já gerou mais de 340 empregos diretos e indiretos.

Para o diretor industrial da Agropalma, Edison Henrique Delboni, o projeto representa um divisor de águas. “A construção da usina foi desafiadora e envolveu mais de 300 pessoas em campo. Para muitos, foi uma experiência transformadora”.

A nova planta de biodiesel já está em operação e passa pelos processos finais de homologação para comercialização. O projeto reforça o papel do Pará no centro da agenda global da bioeconomia e da transição energética — especialmente às vésperas da realização da COP30, em Belém.

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