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Afinal, por que a castanha se chama “castanha-do-Pará”?

A castanheira, uma árvore exuberante nativa da Amazônia, é conhecida por produzir um fruto comestível altamente apreciado em todo o mundo: a castanha. No entanto, o nome dado a esse fruto tem gerado debates e rivalidades entre os estados amazônicos, especialmente devido à inclusão do nome do estado do Pará. Mas qual é a origem desse nome?

A castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl.) é uma das árvores mais emblemáticas da floresta amazônica. Originária das matas de terra firme, ela é conhecida por sua longevidade, podendo viver centenas de anos, e seu tronco de grande diâmetro, que pode atingir mais de 5 metros. Além disso, é a segunda árvore mais alta da região, chegando a medir entre 50 e 60 metros de altura, ficando atrás apenas dos angelins.

Ao longo dos anos, a castanheira despertou o interesse de renomados cientistas, como Jacques Huber, Adolpho Ducke e Paulo Cavalcante, que realizaram pesquisas sobre a espécie no Museu Paraense Emílio Goeldi. Estudos arqueobotânicos indicam que a castanheira já era cultivada na Amazônia há mais de 11 mil anos por populações de paleoíndios. Esses povos plantavam a árvore nas clareiras ao redor de sítios arqueológicos, garantindo a disponibilidade de frutos para as futuras gerações.

Após o declínio do ciclo da borracha na bacia amazônica, que abalou a economia da região, a venda de castanhas se tornou crucial para a manutenção das exportações nos estados do Pará e Amazonas. O Pará liderava a extração das amêndoas, especialmente na região de Marabá, no sudeste do estado. O Brasil, por sua vez, se tornou o maior exportador desse produto amazônico, apreciado na Europa desde o século XVII.

No entanto, a década de 1960 trouxe políticas de incentivos fiscais do governo brasileiro para a criação de pastagens destinadas à pecuária, o que resultou no desmatamento e na destruição de grande parte das áreas onde as castanheiras crescem. Apesar de ser uma árvore resistente, a castanheira não suporta o manejo por fogo consecutivo por três anos, técnica utilizada para abrir espaço para as pastagens. Essa destruição resultou no que hoje é conhecido como o “cemitério de castanheiras”.

Atualmente, a Bolívia é o maior exportador de castanhas amazônicas. No Brasil, o estado do Acre é o principal produtor desse fruto. No entanto, o estado do Amazonas tem se destacado na implantação de castanhais plantados em sistemas de manejo.

A redução drástica das populações de castanheiras na Amazônia, principalmente a partir dos anos 1960, levou a espécie a ser incluída nas listas de espécies ameaçadas de extinção tanto no Brasil quanto no Pará. Como medida de proteção, o corte e a exploração da castanheira em florestas primárias para a indústria madeireira foram proibidos no Brasil, Bolívia e Peru.

Quanto ao nome do fruto, a castanha era originalmente conhecida como anhaúba entre os indígenas do Pará, mas os colonizadores europeus a chamavam de castanha-do-maranhão. Com o tempo, os portugueses a renomearam como “castanha-do-brasil”.

O nome “castanha-do-Pará” foi atribuído ao fruto quando o estado do Pará se tornou o maior exportador dessa iguaria. Atualmente, a amêndoa é conhecida em todo o mundo como “castanha-do-brasil”, denominação adotada pelo governo brasileiro na década de 1950. No entanto, outros países amazônicos produtores de castanha contestam essa nomenclatura e sugerem o nome “castanha-da-amazônia”.

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