Rio de Janeiro (RJ) – Os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que defendem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Frederick Wassef, que já defendeu o presidente Jair Bolsonaro e o filho mais velho dele, o senador Flávio Bolsonaro, foram alvos de nova fase da Lava Jato nesta quarta-feira, 9, que investiga supostos desvios no Sesc e no Senac do Rio de Janeiro e na Federação de Comércio do Estado, informou o Ministério Púbico Federal (MPF).
E$quema S – De acordo com nota do MPF, a operação, batizada de ‘E$quema S’, tem como alvos diversos escritórios de advocacia suspeitos do possível desvio, entre 2012 e 2018, de cerca de R$ 355 milhões de reais.
Os recursos do ‘Sistema S’ vêm de contribuição sobre a folha de pagamento das empresas. De acordo com o Ministério Público Federal, as investigações apontam que mais de 50% do orçamento anual do Sesc e do Senac do Rio de Janeiro foi destinado a contratos com escritórios de advocacia.
Delação premiada – Desse total, pago por serviços alegadamente prestados à Fercomércio/RJ, ao menos R$ 151 milhões de reais teriam sido desviados em um esquema liderado por Orlando Diniz, ex-presidente da entidade e que fechou acordo de delação premiada com os investigadores.
O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a esposa dele Adriana Ancelmo e outras nove pessoas – entre elas os advogados de Lula e a advogada de Wilson Witzel – foram ainda alvos de uma denúncia de organização criminosa feita pelo MPF. Os políticos representados pelos advogados não foram alvo da operação desta quarta-feira, nem de denúncia.
“O esquema incluía o uso de contratos falsos com escritórios daqueles acusados ou de terceiros por eles indicados, em que serviços advocatícios declarados não eram prestados, mas remunerados por elevados honorários”, disse o MPF em comunicado.
Bens de luxo – As investigações apontaram que os recursos desviados seriam usados na compra de bens de alto valor e de luxo por integrantes do grupo.
“Aportes em favor dos escritórios vinculados aos denunciados foram contemporâneos às aquisições de carros e imóveis de luxo no país e no exterior, em franco prejuízo ao investimento na qualidade de vida e no aprendizado e aperfeiçoamento profissional dos trabalhadores do comércio no Estado do Rio”, afirmou o MPF.
Na nota, o Ministério Público disse que a operação desta quarta-feira não representa a criminalização da atividade advocatícia, mas visa “imputar crimes a pessoas que abusaram do seu status profissional”.
“O MPF está exercendo sua atividade funcional também constitucionalmente prevista”, afirmou.
Procurados, Zanin, Teixeira e Wassef não responderam de imediato a pedidos de comentários.
Fonte: Reuters
