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A nova commodity global – O crédito de carbono.

Por Adnan Demachki

A ciência do clima demonstra que, a partir de meados do século XIX, as temperaturas começaram a subir no planeta. Em pouco menos de dois séculos, em razão do crescimento da população mundial, da intensificação da produção industrial, da geração de energia não-renovável e mudança de uso da terra, atingiram níveis preocupantes, cada vez mais gerando gases nocivos – sobretudo o carbono e o metano – tornando-se prioridade para as Nações Unidas promover esforços para não permitir que a temperatura da terra suba mais que 1,5 grau até o final deste século.

Como consequência disso, o mercado tem exigido que as empresas reduzam ou neutralizem suas emissões de carbono. Para que cheguem a esse estágio, além de melhorar os processos produtivos, precisam buscar crédito de carbono de quem sequestra os gases ou evita que sejam emitidos para a atmosfera. E aí entram em cena as florestas, pois não há recurso melhor na natureza para capturar ou fixar carbono do que as florestas, das quais a mais importante, em termos de tamanho e biodiversidade, é a Floresta Amazônica.

O carbono, portanto, pode representar o início da valorização das florestas em escala global.

O crédito de carbono é o jogo do ganha-ganha. Ganha quem compra, neutralizando suas emissões. Ganha o produtor, que passa a receber uma remuneração justa por preservar sua floresta. E ganha, principalmente, a humanidade, com a manutenção do equilíbrio climático.

Em Paragominas, após os dez anos do projeto Município Verde, há um movimento para que os produtores acostumados a negociar commodity de carne e grãos, possam empreender uma nova commodity global – o crédito de carbono.

Produzir alimentos, mas também produzir créditos de carbono. A floresta passa a ser vista como um bem ambiental e econômico, em parceria com as demais atividades rurais desenvolvidas. Isto representa uma ruptura com a visão antiga de que as áreas de florestas nos imóveis rurais (Reserva Legal ou APP) serviam apenas para o cumprimento da legislação ambiental ou, quando muito, para a exploração madeireira.

Se o mercado de carbono se estruturar e estabilizar como se projeta, com valorização crescente dos ativos florestais, podemos estar diante de uma nova era de produção de bens e serviços. Neste cenário, a Amazônia, além da importância ambiental que já possui, pode se posicionar como protagonista de um novo modelo de desenvolvimento, em benefício do seu próprio povo e de todo o planeta.

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