O Paysandu está oficialmente sob nova direção. Após Roger Aguilera entregar a carta de renúncia, Márcio Tuma, então vice-presidente da gestão, assumiu o comando do clube bicolor para concluir o mandato, que se estende até o fim de 2026. Este é o segundo caso de renúncia presidencial na história recente do Paysandu — antes, em 2017, Sérgio Serra deixou o cargo e Tony Couceiro concluiu a gestão.
Segundo fontes ouvidas pelo portal, a decisão de Roger Aguilera foi motivada por uma soma de fatores que, ao longo das últimas semanas, tornaram sua permanência no cargo praticamente inviável.
Saúde e família
Na carta enviada aos sócios e divulgada no site oficial do clube, Aguilera afirmou que se dedicou “de corpo e alma” ao Paysandu, ressaltando que abdicou da família, da saúde e das atividades profissionais para estar à frente do clube. De acordo com a apuração, questões de saúde e familiares tiveram peso significativo na decisão pela renúncia, especialmente após meses de desgaste intenso.
Pressão da Justiça do Trabalho
Outro fator determinante foi a escalada da crise judicial. Desde o início deste mês, jogadores do elenco de 2025 ingressaram com ações trabalhistas contra o clube, cobrando salários atrasados, direitos de imagem, premiações e outros encargos.
Ao todo, oito atletas, entre eles Rossi e Leandro Vilela, acionaram o Paysandu na Justiça. O valor total das ações ultrapassa R$ 14 milhões, segundo fontes ouvidas pelo portal. A situação aumentou a pressão interna e externa sobre o então presidente, tornando sua permanência no cargo cada vez mais insustentável.
Impacto do rebaixamento
A queda do Paysandu para a Série C do Campeonato Brasileiro também contribuiu diretamente para o cenário vivido por Roger Aguilera nos bastidores. Desde o início de novembro, as aparições públicas do dirigente se tornaram cada vez mais raras.
Nas últimas semanas, após a criação do comitê de futebol, liderado por Alberto Maia, Roger deixou de participar de forma visível das principais agendas do clube. Ele não esteve presente no lançamento da camisa para a temporada 2026, nem nas apresentações do técnico Júnior Rocha, do executivo de futebol Marcelo Sant’ana e do gerente de futebol Vandick Lima — ausências que chamaram a atenção de conselheiros e torcedores.
Comitê de futebol
Uma das estratégias adotadas por Aguilera para reduzir a carga de desgaste em 2026 foi a criação de um comitê responsável pelo departamento de futebol. Foram escolhidos Alberto Maia e Ícaro Sereni, ambos ex-dirigentes do clube, além dos vice-presidentes Diego Moura e Márcio Tuma.
Segundo a apuração, a ideia era permitir que Roger Aguilera concentrasse esforços exclusivamente na área administrativa, enquanto o futebol ficaria sob responsabilidade do grupo. No entanto, a medida não foi suficiente para conter a crise.
Histórico no clube
Eleito em novembro de 2024, Roger Aguilera estava no primeiro ano de mandato no Paysandu. Além da presidência, sua trajetória no clube inclui a passagem como diretor de futebol entre 2016 e 2017, durante a gestão de Alberto Maia.
Com a renúncia, o clube inicia mais um capítulo de transição administrativa, em meio a desafios financeiros, esportivos e institucionais, que seguem como prioridade para a nova direção.



