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Operação policial no Rio deixa 64 mortos e 81 presos em ação contra o Comando Vermelho

Batizada de “Contenção”, megaoperação mobilizou 2,5 mil agentes nos complexos do Alemão e da Penha; quatro policiais morreram e 32 paraenses são investigados

Uma operação conjunta das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, realizada nesta terça-feira (28), deixou 64 mortos, entre eles quatro policiais, e resultou na prisão de 81 pessoas suspeitas de envolvimento com o Comando Vermelho (CV). A ação, chamada Operação Contenção, foi deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, e é considerada a mais letal da história do estado.

Objetivo da operação

A ofensiva mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e teve como foco o cumprimento de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão contra integrantes e lideranças do Comando Vermelho, facção com presença em 26 comunidades da capital fluminense.

Entre os presos estão Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão do Quitungo, e Nicolas Fernandes Soares, apontado como responsável por operações financeiras do grupo.

Como ocorreu a ação

Durante a operação, traficantes reagiram à entrada das forças de segurança com tiroteios, barricadas em chamas e uso de drones com explosivos. A reação violenta interrompeu aulas em 48 escolas e atendimentos em cinco unidades de saúde, afetando milhares de moradores da região.

Além dos quatro policiais mortos, 60 suspeitos foram mortos em confrontos. Três civis ficaram feridos por balas perdidas — um homem em situação de rua, uma mulher em uma academia e um homem em um ferro-velho.

A ação superou em número de mortos a operação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos, sendo considerada agora a mais letal do estado.

Contexto e investigações

Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Complexo da Penha é considerado um ponto estratégico para o tráfico de drogas e armas, devido à sua localização próxima a vias expressas que conectam diferentes regiões da cidade.

O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à captura de Edgar Alves Andrade, conhecido como Doca ou Urso, apontado como um dos principais chefes do Comando Vermelho.

Policiais mortos

Os agentes que morreram na operação foram:

  • Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, comissário da 53ª DP (Mesquita);
  • Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos, da 39ª DP (Pavuna);
  • Cleiton Serafim Gonçalves, 40 anos, do Bope;
  • Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos, também do Bope.

Outros seis policiais ficaram feridos, incluindo um delegado da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), que passou por cirurgia e permanece em estado grave.

Repercussões políticas

O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que a operação foi uma resposta ao crime organizado e criticou o governo federal por não disponibilizar apoio com veículos blindados das Forças Armadas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública respondeu que mantém a Força Nacional no estado desde outubro de 2023 e que os pedidos de renovação do apoio vêm sendo atendidos.

Impactos na cidade

O confronto causou interrupções no transporte público, fechamento de escolas e unidades de saúde e levou a Prefeitura do Rio a orientar os moradores a evitar deslocamentos nas áreas afetadas.

O Centro de Operações Rio (COR-Rio) colocou a cidade em Estágio 2, às 13h48, devido ao impacto da violência. Segundo a Rio Ônibus, 71 coletivos foram tomados por criminosos e 204 linhas foram afetadas.

As principais regiões em alerta são:

  • Complexos do Alemão, Penha e Chapadão
  • São Francisco Xavier, Méier e Vila Isabel (Zona Norte)
  • Freguesia (Jacarepaguá) e Taquara (Zona Oeste)

A orientação do COR-Rio é para que os moradores permaneçam em local seguro, evitem circular nas regiões atingidas e acompanhem as atualizações oficiais.

Envolvimento de paraenses

A Polícia Civil do Pará (PCPA) informou que 32 paraenses são investigados na Operação Contenção. Segundo o órgão, os suspeitos atuariam como lideranças de uma facção criminosa originária do estado, coordenando ações à distância no Pará.

A PCPA afirmou que colaborou com a Polícia Civil do Rio de Janeiro na troca de informações. Os investigados são apontados por tráfico de drogas, homicídios, roubos e organização criminosa.

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