O anúncio da participação de Gaby Amarantos no festival Global Citizen, marcado para acontecer em Belém, gerou entre os próprios moradores do Pará. Apesar da cantora ser uma das artistas mais conhecidas nacionalmente com raízes paraenses, parte do público criticou a escolha, alegando desgaste com a imagem da artista, questionando sua representatividade e relembrando sua ausência em pautas sociais importantes, como a recente mobilização indígena no Pará.
Nas redes sociais, diversos comentários irônicos surgiram após a divulgação do line-up oficial do evento internacional. Internautas mostraram frustração e sarcasmo com a repetida presença da artista em grandes eventos realizados na capital paraense. “Esperávamos: artistas internacionais. Recebemos: Gaby Amarantos que em qualquer esquina de Belém canta”, comentou um usuário no X (antigo Twitter), resumindo o tom de várias postagens.
Outro trecho viralizou ao ironizar a expectativa dos paraenses: “Os paraenses esperando Coldplay, e recebendo Gaby Amarantos 🥲”. O comentário mostra o desejo de parte do público por atrações internacionais de peso, algo comumente associado ao nome do Global Citizen, festival reconhecido mundialmente por unir música e ativismo.
Além da insatisfação estética e musical, críticas mais profundas foram direcionadas à postura da cantora frente a pautas sociais. Muitos usuários relembraram que Gaby se manteve em silêncio durante as manifestações de estudantes e lideranças indígenas contra as mudanças no ensino escolar indígena promovidas pela Seduc, que geraram ocupações na sede da secretaria e protestos por toda a capital. “Meter Gaby Amarantos que não deu um piu na questão indígena em Belém […] depois fica nessa frescura de sou indiazinha do pop”, escreveu um internauta, apontando contradições entre a imagem pública da cantora e sua atuação política.
A ausência de um posicionamento público da artista durante o movimento indígena gerou desgaste entre parte dos admiradores e defensores da causa, especialmente entre os que acompanham de perto a mobilização social na Amazônia. “Agora dou minha cara a bofete como ela vai querer subir no palco cheia de pena, com cocar e bandeira do Pará”, criticou uma usuária, referindo-se à estética indígena que Gaby costuma incorporar em suas apresentações.
Críticas também vieram em tom de defesa à diversidade musical paraense. Muitos questionaram por que a artista tem sido a única referência da música paraense em grandes eventos nacionais e internacionais, enquanto outros talentos regionais seguem à margem. “Acho que no mínimo tinha que recusar um dos eventos. Já que não existe só ela de artista paraense”, escreveu outro usuário, em referência às participações de Gaby tanto no Global Citizen quanto no festival “Amazônia Para Todos”.
Até o momento, Gaby Amarantos não se pronunciou sobre as críticas. A produção do Global Citizen também não comentou as manifestações do público nas redes sociais. O festival, no entanto, segue confirmado para acontecer em Belém, como parte das ações globais de promoção de justiça social, direitos humanos e combate à pobreza.
