O prefeito eleito de Belém, Igor Normando, anunciou a intenção de criar oito subprefeituras para atuar de forma descentralizada nos distritos administrativos da cidade. A proposta, segundo ele, visa dar autonomia a essas unidades para fiscalizar serviços nos bairros e promover uma comunicação mais direta com as secretarias municipais. No entanto, a ideia tem sido alvo de críticas que apontam para um possível aumento de gastos públicos e ineficiência na alocação de recursos.
Despesas públicas e impactos na gestão
O plano de Normando enfrenta resistência de setores da sociedade e de políticos que consideram a criação das subprefeituras uma medida dispendiosa. Críticos argumentam que, embora a descentralização possa ser benéfica em cidades de grande porte ou com extensa área territorial, Belém não possui nem a extensão geográfica comparável a municípios como Oriximiná ou Altamira, nem uma população semelhante à de grandes metrópoles como São Paulo, o que questiona a necessidade de mais estruturas administrativas.
“Belém precisa de investimentos diretos em infraestrutura e saneamento, não de cargos adicionais com impacto reduzido”, dizem os opositores da proposta. Nos últimos anos, as agências distritais da capital já têm gerado gastos substanciais sem resultados proporcionais. Segundo um levantamento recente, os custos para manter as agências existentes quase igualaram o valor de uma revitalização da Orla de Icoaraci, levantando questionamentos sobre a eficiência do modelo.
Além disso, o alto custo com cargos comissionados tem sido tema recorrente. Apenas o gabinete do atual prefeito e do vice-prefeito soma mais de 600 cargos comissionados, representando uma despesa anual que beira os R$ 35 milhões — um aumento considerável se comparado aos R$ 17 milhões gastos em 2019 na gestão de Zenaldo Coutinho. Críticos apontam que esses recursos poderiam ser redirecionados para projetos mais produtivos, como a restauração de patrimônios históricos, a exemplo do Palacete Pinho, que poderia ser revitalizado diversas vezes com essa quantia.
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Críticas políticas
O candidato derrotado nas eleições, Éder Mauro (PL), também não poupou críticas à proposta de Normando, descrevendo-a como uma estratégia para abrigar aliados políticos. Em suas palavras: “O fantoche do Barbalho nem assumiu e já quer criar subprefeituras em Belém para acomodar apadrinhados políticos. Basta perguntar aos moradores de Icoaraci se a subprefeitura de lá realmente faz diferença.”
Argumentos da futura gestão
Normando justifica a proposta argumentando que as subprefeituras trarão agilidade e autonomia na gestão dos serviços públicos, permitindo que problemas locais sejam tratados com mais rapidez.
Apesar da justificativa, a população e especialistas aguardam mais detalhes sobre a execução e os custos adicionais dessa nova estrutura. A questão central que persiste é se a criação de novas repartições realmente representará uma solução eficiente para os desafios de Belém ou se se traduzirá apenas em mais uma camada de despesas para a administração pública.