Uma longa reportagem da BBC expôs de forma contundente as profundas diferenças entre Melgaço, no Pará, e São Caetano do Sul, em São Paulo. Enquanto a cidade paulista ostenta o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país, Melgaço amarga a última posição, refletindo realidades contrastantes que vão muito além das estatísticas.
VEJA A REPORTAGEM:
Na zona rural de Melgaço, onde a maioria da população vive isolada em comunidades ribeirinhas, serviços públicos essenciais, como educação e saúde, são precários e inacessíveis para muitos. Maria Benedita, uma moradora de 46 anos, enfrenta rotineiramente a ausência de transporte escolar e a falta de merenda para as crianças, o que impacta diretamente o futuro das novas gerações. A evasão escolar é um reflexo direto desses problemas: quase 15% das crianças de 6 a 14 anos estão fora das escolas, e no ensino médio a taxa chega a alarmantes 21,2%.
Em São Caetano, por outro lado, a realidade é de escolas modernas, com atividades extracurriculares e infraestrutura de primeiro mundo. O município também lidera em saúde e qualidade de vida, oferecendo serviços avançados e programas sociais que melhoram a vida da população, como o transporte público gratuito e atendimento médico especializado.
A reportagem destaca, ainda, as dificuldades estruturais enfrentadas por Melgaço, que não tem esgoto tratado nem acesso terrestre a outras cidades. Em contrapartida, São Caetano diversificou sua economia e se tornou um exemplo de desenvolvimento, mantendo 60% de sua receita a partir de fontes próprias.
A grande questão que surge é: como diminuir esse abismo entre os extremos do Brasil? Especialistas sugerem uma revisão no pacto federativo para redistribuir melhor os recursos, enquanto economistas defendem medidas que poderiam promover o desenvolvimento nas áreas mais carentes, especialmente na Amazônia.
A matéria da BBC é um convite à reflexão sobre as desigualdades regionais no Brasil, mostrando que muito ainda precisa ser feito para que o país avance de forma mais equilibrada.