Deputado Éder Mauro é acusado de favorecer cidade de sua fazenda com verbas parlamentares

O deputado federal Éder Mauro (PL-PA), bolsonarista e integrante da bancada da bala no Congresso, está no centro de uma nova polêmica. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o parlamentar direcionou uma parcela significativa de emendas parlamentares para Bujaru, uma pequena cidade do interior do Pará, onde possui uma fazenda adquirida em 2020. A propriedade, chamada “Benção Divinal”, tem uma área equivalente a 335 campos de futebol.

Apesar de ter recebido uma porcentagem mínima de votos em Bujaru nas eleições passadas — 1,2% em 2014, 0,3% em 2018 e 0,4% em 2022 —, Éder Mauro conseguiu destinar ao menos R$ 5 milhões em verbas federais para o município desde 2016. A cidade, com pouco mais de 24 mil habitantes e localizada a 115 quilômetros da capital Belém, ocupa uma posição central nas acusações de possível conflito de interesses contra o deputado, que lidera as pesquisas para a Prefeitura de Belém.

Entre as emendas destacadas pela reportagem, uma no valor de R$ 1 milhão foi direcionada à recuperação de estradas vicinais que dão acesso a assentamentos da cidade. No entanto, o dinheiro foi utilizado especificamente para a recuperação de 26 quilômetros de estradas ao redor do Projeto de Assentamento Itapeva, localizado próximo à fazenda de Éder Mauro. A entrada da propriedade do deputado fica a apenas seis quilômetros do início das obras.

Nas redes sociais, o prefeito de Bujaru, Miguel Jr. (MDB), mostrou gratidão ao deputado pelo direcionamento da emenda. Documentos do convênio firmado entre a prefeitura e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) incluem a assinatura de Éder Mauro como testemunha.

Além dessa emenda, o Portal da Transparência do governo federal revela que o deputado destinou outros R$ 3,9 milhões em emendas individuais para Bujaru, com foco em saúde, infraestrutura urbana e turismo. Isso fez com que a cidade, que é a 90ª em população no estado, se tornasse a 13ª mais beneficiada pelas emendas de Mauro.

A reportagem da Folha de S. Paulo também destacou a precariedade na transparência da execução do orçamento federal, sugerindo que os valores destinados a Bujaru podem ser ainda maiores, dado que a cidade recebeu R$ 7,5 milhões em emendas vinculadas ao relator-geral do Orçamento, uma prática que ocultava o real responsável pelas verbas.

Procurados pela Folha, tanto Éder Mauro quanto o prefeito de Bujaru não se manifestaram sobre as acusações. O Incra afirmou que as obras estão em fase de conclusão e que a escolha do assentamento Itapeva foi feita por questões de eficiência, embora não tenha explicado por que essa localidade específica foi priorizada. O secretário de Administração de Bujaru, Dimmy Ferreira, declarou que desconhece qualquer direcionamento intencional para áreas próximas à fazenda do deputado.

Com informações Folha de São Paulo