Izete dos Santos Costa, carinhosamente conhecida como Dona Nena, sempre teve uma conexão especial com o cacau, pois sua família cultivava o fruto na Ilha do Combu, no Pará, e vendia a matéria-prima. Em 2006, ela deu início à produção caseira de chocolates, o que deu origem à Filha do Combu, empresa que alcançou um faturamento de aproximadamente R$ 800 mil em 2022.
Hoje, aos 59 anos, Dona Nena comanda uma fábrica e duas lojas que produzem e vendem chocolates, respectivamente. Um dos produtos mais populares entre os clientes é o pó para brigadeiro de colher.
As lojas estão localizadas na Ilha do Combu e em Belém, e o trajeto entre elas envolve uma viagem de barco de cerca de 15 minutos. Para aqueles que não residem nessas áreas, a opção de compra está disponível pela internet, embora haja custos de frete. Dona Nena e sua equipe vendem cerca de 230 kg de chocolates por mês.
Embora planeje expandir seus negócios e explorar novos mercados em outros estados, Dona Nena não pretende transformar sua marca em uma franquia. Segundo ela, o foco da Filha do Combu continuará sendo a produção artesanal de chocolates naturais.
A característica distintiva da marca é o uso de ingredientes naturais, sem a adição de gorduras vegetais, gorduras trans ou conservantes. A base principal de seus chocolates é o cacau e o açúcar orgânico. Cada barra de chocolate leva cerca de 25 dias para ficar pronta.
Dona Nena revela que a margem de lucro da Filha do Combu foi de aproximadamente 40% em 2023, e sua meta para o próximo ano é atingir um faturamento de pelo menos R$ 1,5 milhão, quase o dobro do ano anterior.
No entanto, ela enfrenta desafios na manutenção da fábrica, principalmente devido aos custos elevados de energia. Dona Nena está considerando a instalação de painéis solares para otimizar a geração de eletricidade, uma vez que cerca de 30% da energia utilizada na fábrica já é proveniente do sol. As despesas de energia são especialmente altas devido à necessidade de manter o ambiente de produção de chocolate em uma temperatura fria.
Além disso, as condições naturais da localização da fábrica, em uma ilha, dificultam o acesso ao transporte e à água potável. A manutenção dos equipamentos da fábrica também é um desafio constante, com custos diários de pelo menos R$ 500 para manter os aparelhos em funcionamento.
Atualmente, a Filha do Combu emprega 14 funcionários em diferentes áreas, incluindo colheita, loja e cozinha. Dona Nena, suas duas filhas e outros colaboradores gerenciam a administração da empresa.
Embora trabalhe com chocolate desde 2006, Dona Nena só abriu oficialmente seu CNPJ em 2014, inicialmente como Microempreendedora Individual (MEI), vendendo seus chocolates em casa. Naquela época, ela vendia cerca de 30 kg de chocolate por mês, uma fração do que vende atualmente em 2023.
Dona Nena também enfrentou desafios relacionados ao preconceito quando começou a investir na marca, devido ao fato de ser mulher. Ela superou obstáculos e, em 2017, inaugurou a primeira loja na ilha. No mesmo ano, a Filha do Combu tornou-se uma microempresa e permanece assim até hoje.
Para aprimorar seus conhecimentos, Dona Nena buscou capacitação em refino de chocolate na cidade de Canela, no Rio Grande do Sul, em 2019. Ela se tornou oficialmente uma chocolatier, e seu objetivo é continuar expandindo seus negócios após um período desafiador durante a pandemia de COVID-19 em 2020.
A marca também expandiu sua presença online, desenvolvendo uma identidade visual e presença nas redes sociais para atrair um público diversificado, incluindo moradores locais e ribeirinhos.
A produção de Dona Nena é apenas uma parte da indústria de chocolate do Brasil, que produziu 219 mil toneladas do doce no primeiro semestre de 2023, um aumento de aproximadamente 10% em relação ao ano anterior. Esses números refletem o crescimento constante do setor de chocolate no país, que também gera empregos e movimenta a economia. A Filha do Combu continua a ser um exemplo inspirador de empreendedorismo e sucesso no setor de chocolates orgânicos.