Por que Edmilson mudou seu discurso sobre o Lixão de Marituba?

Durante o governo anterior, o prefeito Edmilson Rodrigues, juntamente com sua plataforma midiática conhecida como Belém Trânsito, expressou fortes críticas à abordagem da prefeitura em relação à mobilidade urbana e à frota de ônibus sucateada no município.
Recentemente, o município vizinho de Ananindeua anunciou ônibus com ar-condicionado, Wi-Fi e tarifas gratuitas aos domingos. Parece que Edmilson e o PSOL ficaram apenas no discurso.
Assim como acontecia com a mobilidade urbana, Edmilson não poupava críticas a seu antecessor quando a cidade ficava alagada após fortes chuvas. No entanto, curiosamente, depois de se tornar prefeito, ele passou a culpar a natureza e até mesmo o ex-presidente Bolsonaro. Pasmem!!
Não há dúvida de que Edmilson Rodrigues é um grande criador de narrativas. No entanto, suas convenientes mudanças de discurso em um curto período de tempo são preocupantes, especialmente em uma época em que a internet impede que o cinismo alimente uma amnésia coletiva esquizofrênica.
Na segunda-feira, dia 19, ocorreu mais uma Audiência Pública para discutir o aterro sanitário de Marituba. O “Ed paz e amor” não compareceu, talvez porque ele não reconheça o nome “aterro sanitário”, uma vez que, quando não era prefeito, ele o chamava de “lixão a céu aberto”.

Se fosse apenas o nome que tivesse mudado, seria aceitável. No entanto, Edmilson, militantes e assessores promoveram uma verdadeira cruzada contra a Guamá Tratamento de Resíduos, empresa do grupo Solvi. A deputada Marinor Brito (PSOL) até mesmo organizou uma Sessão Solene na ALEPA para discutir o fechamento do aterro sanitário de Marituba. O próprio coordenador do movimento “Fora Lixão”, Hélio Oliveira, que tinha como missão remover o aterro do município, estava ligado ao PSOL.

Na época, os prefeitos de Belém e Ananindeua eram do partido tucano, sendo adversários políticos de Edmilson e do PSOL. Portanto, as propostas defendidas por eles eram claras: o aterro não tinha capacidade para continuar operando em Marituba e causava graves problemas para a população local, como o mau cheiro do chorume e constantes problemas de saúde. Portanto, o aterro de Marituba deveria ser fechado.

No entanto, o objetivo velado era claramente “sangrar a administração tucana”. Em seu discurso na ALEPA, em 2017, Edmilson enumerava os supostos problemas causados pelo aterro à população, criticando a falta de transparência e fiscalização na prorrogação do contrato com a empresa Guamá Tratamento de Resíduos.
Ele ressaltava que o aterro estava localizado próximo a áreas densamente povoadas, ignorando essa questão tanto pelo governo de Simão Jatene quanto pelo Ministério Público do Estado do Pará. Além disso, estava próximo a várias nascentes, incluindo as dos rios Uriboca e Uriboquinha, fontes de subsistência de várias famílias, que já estavam contaminadas. Pescadores encontraram peixes e animais silvestres mortos e a água ficou barrenta. Os moradores também denunciavam que a tecnologia prometida de “osmose reversa” para o tratamento do chorume era uma ficção, pois as bacias de chorume se acumulavam no terreno, aumentando o mau cheiro.
No entanto, de maneira estranha, agora, como que por encanto, à frente da prefeitura de Belém, parece que as coisas mudaram. Edmilson não relembra mais, com saudosismo, a época do lixão do Aurá, tampouco fala sobre meio ambiente. Agora, a mudança do lixão, ou melhor, do aterro de Marituba, não é mais prioridade, uma vez que a empresa se comprometeu “a solucionar os problemas”. É tudo tão simples.
Ao que tudo indica, o aterro sai de Marituba no próximo mês de agosto, mas se nestes quatro anos de governo ninguém mais protestou, queimou pneus ou fez manifestações, acredito que, com Ed na prefeitura, até o lixão de Marituba parou de causar mau cheiro. Só pode ser!



