NOTÍCIASOPINIÃO

Edmilson impede que 600 empregos sejam gerados no Jurunas

Em janeiro deste ano um ônibus com 54 passageiros sofreu acidente, na BR-376, deixando 19 vítimas fatais e outras 33 feridas. O ônibus saiu de Ananindeua e levava paraenses em busca de oportunidades no estado de Santa Catarina. O acidente abriu os olhos para a crescente migração de paraenses para o estado do Sul, o que gerou depois uma operação da Polícia Federal para desarticular uma organização criminosa que fazia o transporte irregular de paraenses.

O parawebnews já havia tocado nesse assunto.LEIA MAIS: Sem oportunidades no Pará, paraenses migram para Santa Catarina

Enquanto o estado do Sul tem ampla oferta de empregos, o Pará ainda sofre com falta de oportunidades, porque sua economia é pouco dinâmica, ainda baseada no extrativismo vegetal, mineral e na administração pública.

Apesar disso, ainda não há políticas públicas efetivas para atração de negócios em solo paraense. Em Belém, por exemplo, grande parte da população, e da classe política, possuem mentalidade antimercado e isso reflete no ambiente de negócios na cidade, um dos piores do Brasil de acordo com estudo recente publicado pelo Banco Mundial.

LEIA MAIS: Belém entre as piores capitais em ambientes de negócios. Veja o ranking!

Em entrevista ao Portal Ver-o-Fato, o prefeito de Belém confirmou que não irá conceder o licenciamento para funcionamento do Atacadão do Portal da Amazônia, mesmo não havendo nenhum embargo judicial.

“É uma aberração essa obra, um estupro contra a cidade”, afirmou Edmilson. De acordo com o portal Ver-o-Fato, o prefeito informou que se depender dele, o grupo multinacional não terá o documento que o habilitaria a abrir as portas e funcionar no comércio atacadista da cidade.  “Na gestão passada, não houve licenciamento ambiental, o Conselho não reuniu. Então, tivemos muitas situações para negar a concessão do habite-se”, disse Edmilson.

Em nota enviada, no entanto, o Grupo Carrefour, dona do empreendimento, diz que a unidade já está pronta e que 600 pessoas foram contratadas. Sem a perspectiva de ter o “habite-se” liberado, pois a questão se tornou extremamente política, há o risco de a empresa desistir do empreendimento e deixar de gerar 1500 empregos diretos e indiretos em Belém.

Confira a nota:

O Atacadão informa que a nova unidade em Belém encontra-se pronta para iniciar a operação, com todos os colaboradores já contratados, resultando em mais de 600 empregos diretos e indiretos. A empresa segue avançando nas tratativas com a prefeitura para realizar a abertura da loja o mais breve possível. 

Durante todo o processo de construção da nova unidade, o Atacadão seguiu todas as exigências das autoridades, incluindo as mudanças solicitadas pelos órgãos competentes após apresentação do Estudo de Impacto da Vizinhança (EIV). Desde 2013, o Atacadão emprega mais de 4 mil pessoas direta e indiretamente no Pará, alocados em 9 unidades da rede, e contribuindo para o desenvolvimento da economia local, para o crescimento de empreendedores e produtores locais e para a geração de empregos.

Em Belém, onde a empresa já conta com 1 loja de autosserviço e um centro de distribuição, serão mais de 1500 empregos gerados com abertura desta nova unidade do Atacadão, que atualmente emprega mais de 60 mil colaboradores em 233 unidades de autosserviço e 31 atacados de entrega, presente em mais de 160 cidades no país.”   

A questão ambiental é bastante usada como argumento de quem é contra o estabelecimento do empreendimento ali. Uma rápida observação na ferramenta Google Earth ou um passeio rotineiro na Bernardo Sayão é suficiente para perceber que a orla de Belém está toda ocupada e que nela há diversas áreas de aglomerados subnormais sem saneamento básico e coleta regular lixo, contabilizando um enorme passivo ambiental que vai parar nas águas do rio Guamá e da baía do Guajará.

Além disso, o Atacadão foi construído em um terreno baldio, que não estava gerando divisas para a cidade, e fica localizado após as duas largas pistas do Portal da Amazônia, portanto não está sendo construído dentro do rio ou impedindo a população de usufruir da orla como afirmam alguns vereadores.

Se a prefeitura tivesse interessada em preservar o acesso ao rio, já deveria ter anunciado a continuação da orla até a UFPA. Mas ninguém mais toca no assunto e o Portal da Amazônia se resume a apenas 2 km de orla na parte mais populosa da cidade.

Aliás, por incrível que pareça, quando tinha apenas um valão de esgoto ali e não havia o portal da Amazônia, esses ” defensores da preservação” estavam, ironicamente, de costas para essa região. Outro ponto importante, como dissemos acima, esse terreno onde está localizado o Atacadão estava abandonado há anos.

Enquanto os vereadores de Belém tentaram, no fim do ano passado, aumentar os salários do prefeito, secretários municipais e os próprios, o Jurunas, bairro beneficiado pela unidade Atacadão Carrefour, sofre com desemprego, informalidade e falta de saneamento básico. É um contraste entre o salário médio da população do bairro e os R$ 15 mil (mais privilégios) que 35 vereadores recebem. Ou mesmo relação ao salário de Edmilson Rodrigues, de R$19 mil, que o coloca no topo da pirâmide de renda em Belém, enquanto os moradores do Jurunas compõem a base.

Mas quem decide, com suas contas bancárias gordas bancadas pelo contribuinte de Belém, são justamente eles, os políticos, que parecem querer, a todo custo, manter a cidade no marasmo econômico. Não é à toa que quem quer crescer na vida, alcançar voos mais altos, está deixando Belém. E muita gente tem feito isso. Santa Catarina é o destino.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar