A cantora Mari Belém, filha da cantora Fafá de Belém, revelou ter sido vítima de abuso, quando tinha apenas 7 anos de idade. Mari fez um longo relato no perfil dela no Twitter, na madrugada desta quarta-feira, 25. Ela disse que só teve coragem de falar publicamente sobre o assunto, depois de conversar com a jornalista da TV Globo, Ana Paula Araújo, amiga de Mari, que lançou um livro sobre abuso recentemente.
Veja o relato de Mari: “Minha mãe sempre foi minha parceira, minha confidente. Sempre fomos parceiras de vida, desde sempre. E mesmo assim levei 17 anos para contar que sofri abuso aos 7 anos e que só por um milagre não fui ainda mais violentada (e foi assim que eu aprendi o que seria ter FÉ pela vida toda). Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu “dar beijo” naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto eu corria dele”.
Ela prossegue: “Algo ali me salvou de algo pior. Levei 17 anos para contar por alto. E esses detalhes grotescos acima eu só contei quando moramos juntas durante essa pandemia (33 anos depois do ocorrido). Eu lembro do quarto, eu lembro da casa, eu lembro do exato momento em que minha mãe entrou na casa, eu lembro de detalhes, das frases. Trabalhei isso ao longo da vida, com psicopedagoga, lendo sobre e, a não ser por anos respondendo raivosa e xingando homens que mexiam comigo na rua (e isso foi trabalhado depois de adulta), consegui não viver com traumas maiores”.
“Mas nunca esqueci. E quem não teve terapia? Informação? Uma mãe confidente? Se nem eu consegui contar pra minha, sempre aberta a conversar sobre tudo… Eu me achava responsável. Eu achava que a culpa era minha. Eu tinha vergonha. Eu tive medo por anos”.
“Minha amiga Ana Paula Araújo, seu livro [“Abuso: A Cultura do Estupro no Brasil”] me fez conseguir contar isso publicamente pela primeira vez na vida e te agradeço por isso. Quando você chorou me ouvindo te contar, pensei: “será que meu relato pode encorajar outras pessoas? Ou ao menos confortar quem também ficou quieta por medo ou vergonha?”
“Será que meu relato pode abraçar outras pessoas? Tomara. Se esse relato fizer pelo menos uma pessoa se sentir acolhida, parte de algo ou até encorajar alguém a se abrir, eu já sentirei um alívio ainda maior”, encerra o relato a cantora.
Fonte: Twitter



