O técnico em segurança do trabalho José Eliano Pereira da Silva, de 53 anos, está desempregado há quatro meses e, mesmo assim, teve o auxílio emergencial de R$ 600 negado. Isso ocorreu porque em sua carteira de trabalho digital constam dois registros de emprego: um deles como senador, cargo que nunca ocupou na vida.
O morador da cidade de Teodoro Sampaio, a 654 quilômetros de São Paulo, contou ao UOL que deu entrada no auxílio em 8 de abril. Após 15 dias, veio a negativa. “Como o aplicativo foi atualizado, fiz uma nova tentativa e fiquei surpreso com a resposta”.
Senador – A mensagem exibida na tela do celular dizia: “Você não atende as condições para receber o auxílio emergencial”. Entre os motivos, por exercer o mandato eletivo. O registro de senador está atrelado ao CNPJ da Câmara Municipal de Teodoro Sampaio. “Onde já se viu? Senador municipal não existe”, pondera Silva.
O outro registro que atrapalhou o acesso ao auxílio emergencial é o de dirigente do serviço público federal entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2020. O contrato é junto à Prefeitura de Teodoro Sampaio.
De fato, Silva ocupou cargo comissionado nesse período, mas no serviço municipal e não federal. Ele trabalhou na diretoria de transporte e manutenção, mas foi demitido no começo deste ano. “Por ser cargo estatutário, não tenho direito nem ao seguro-desemprego. As contas estão se acumulando. Meu filho mais velho também está desempregado. Pago pensão e tenho outro filho que mora comigo que tem deficiência”, relata.
Negativa – Desde que recebeu a negativa do auxílio, ele começou uma peregrinação atrás de documentos. Na prefeitura, conseguiu uma declaração dizendo que não tem mais vínculo desde janeiro. Na Câmara, obteve um documento que comprova que não tem nenhuma relação com o poder legislativo. Agora, está em busca de uma certidão negativa junto à Justiça Eleitoral, mas, por causa da pandemia, o cartório da cidade está fechado. “Preciso que isso seja resolvido. Está faltando tudo na minha casa e só quero o auxílio, afinal, tenho direito a ele. É algo muito complicado”, desabafou.
O portal UOL foi atrás da Câmara de Vereadores de Teodoro Sampaio, que negou irregularidade. “O cidadão já recebeu uma certidão que atesta que ele não tem vínculo desde 2004 e foi orientado a procurar a base do INSS para dar andamento a correção”, disse Milton Agostinho Francisco, contador da Câmara. A prefeitura de Teodoro Sampaio não comentou o caso.
Fonte: UOL



